Chega de block blocs

Carlos Brickmann

Há pouco mais de um ano, a população foi impedida de manifestar-se após ter sido infiltrada por black blocs. Os vândalos transformaram protestos pacíficos em manifestações violentas, com destruição, ferimentos, morte, aos quais ninguém mais quis ir. Agora, manifestantes que protestam pacificamente contra o PT e a presidente Dilma têm sua posição desvirtuada por black blocs de outro tipo: radicais que buscam medidas extralegais, como a deposição de Dilma, a intervenção das Forças Armadas, a intervenção externa em assuntos interno. Qual o oposicionista de boa-fé, seguidor das leis, irá participar de agora em diante de manifestações em que até pessoas armadas pregam o desrespeito à Constituição?

Chega de black blocs! Quem quiser confundir luta política com golpe que procure sua turma, em vez de se misturar aos oposicionistas legítimos. As vivandeiras alvoroçadas que querem o golpe militar que frequentem os bivaques para bulir com os granadeiros, como as criticava o marechal Castello Branco.

Manifestações legais, pacíficas e legítimas não incluem pedidos de intervenção americana contra o bolivarianismo. A intervenção externa em assuntos internos parece apenas imbecil, mas é pior: é tão ilegal e repugnante quanto o envio de líderes venezuelanos ao Brasil para fazer acordos com o MST. Golpe militar? Não se pode defender a democracia pedindo para destruí-la. E lembremos o que aconteceu, em 1964, com quem pediu a intervenção militar.

Em política, pode-se perdoar, mas não esquecer.

Os deuses vencidos

Em 64, a deposição do presidente João Goulart teve três líderes: Adhemar de Barros, Magalhães Pinto e Carlos Lacerda. Tiveram o discreto apoio do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Júlio de Mesquita Filho, homem inatacável, diretor de O Estado de S. Paulo, queria uma ditadura militar por seis meses, nos quais se fariam as reformas necessárias para criar um país viável. Findo o prazo, os militares convocariam eleições livres. Adhemar foi cassado e exilado, Lacerda foi cassado e preso, Juscelino foi cassado. O Estado de S.Paulo sofreu forte censura, foi apreendido, o dr. Julinho morreu sem assistir a volta à democracia. Magalhães Pinto chegou a ministro e parou. Seus aliados mineiros foram presos.

Ninguém que tenha bom senso contribui para chocar o ovo da serpente.

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