A cesta básica no Ceará...


...Após quatro quedas seguidas, preço volta a subir em Fortaleza
O conjunto dos 12 produtos que compõem a cesta básica de Fortaleza registrou, em outubro, uma inflação de 0,08%, interrompendo a sequência de quatro quedas seguidas, observadas desde maio – quando teve o pico de 5,42%, a maior do País –, para o período, entre as capitais pesquisadas. Apesar da retomada no preço – que subiu de R$ 277,37 (setembro) para R$ 277,60 –, a capital cearense tem a quinta cesta básica mais barata do País, ao mesmo tempo em que está na segunda posição entre as mais caras do Nordeste, atrás, apenas, de Recife (R$ 280,88). As informações constam da Pesquisa Nacional da Cesta Básica (PNCB), divulgada, ontem, pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese-CE).
Conforme a pesquisa, considerando o valor e, tomando como base o salário mínimo vigente no País (R$ 724,00) – correspondente a uma jornada mensal de trabalho de 220 horas –, o trabalhador teve que desprender 84 horas e 21 minutos de sua jornada de trabalho mensal para essa finalidade. O gasto com alimentação de uma família padrão (dois adultos e duas crianças) foi de R$ 832,80, isto é, R$ 0,69 a mais do que os R$ 832,11 de setembro.
COMPORTAMENTO
A pesquisa mostra que a elevação no preço final do mês passado, foi influenciada pela alta de cinco itens: banana (7,95%), pão (1,71%) e leite (0,70%) - com maior intensidade -, seguido de carne (0,48%) e café (0,46%). No período, sete itens apresentaram queda, como farinha (6,01%), tomate (5,25%), óleo (3,55%), açúcar (2,26%), manteiga (1,41%), feijão (1,32%) e arroz (0,77%). Quanto às variações semestral e anual, a cesta básica de Fortaleza, o comportamento verificado foi de recuo de 3,75% e elevação de 6,67%, respectivamente.
No acumulado em 12 meses, terminados em outubro, a capital cearense aparece com a maior inflação da região Nordeste, vindo, em seguida, João Pessoa (4,72%), Aracaju (4,61%) e Salvador (0,40%). Nacionalmente, a capital cearense está na 11º colocação entre as maiores altas acumuladas, nos dez meses deste ano, com 1,51%. Nessa mesma base de comparação, Fortaleza aparece em 4º lugar no Nordeste, atrás de Aracaju (7,40%), João Pessoa (2,96%) e Recife (2,25%).
Segundo o levantamento, a alimentação básica, em outubro, está mais barata do que em abril deste ano (R$ 288,42) e mais cara que em outubro de 2013 (R$ 260,25). Ainda na análise mensal, com o preço de outubro último, Fortaleza destaca-se com a segunda menor elevação entre as capitais pesquisadas, sendo que, no Nordeste, foi a única entre as capitais da região a apresentar inflação, já que as demais apontaram retração nos preços, no período.
BALANÇO
No semestre, dos produtos que compõem a cesta básica, os que sofreram maior elevação nos preços foram o café (6,88%), o pão (5,59%), o arroz (4,17%) e a carne (4,02%). Os produtos que sofreram maiores recuos, no período analisado, foram farinha (25,49%), tomate (24,94%), óleo (15,77%) e feijão (14,07%). Na série de 12 meses, os que sofreram maior elevação nos preços, foram tomate (51,23%), carne (11,01%), pão (10,65%), café (8,48%) e arroz (7,27%). Entre as reduções, no período analisado, aparecem farinha (34,16%), feijão (26,67%), óleo (5,08%) e o açúcar (4,95%), segundo a pesquisa.
Para o Dieese-CE, levando em consideração a determinação constitucional, que estabelece que o salário mínimo deva ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família – com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência –, o valor do salário mínimo necessário deveria ser de R$ 2. 967,07 ou 4,1 vezes o mínimo em vigor, de R$ 724,00. Em setembro, o mínimo necessário era menor, equivalendo a R$ 2.862,73, ou seja, 3,65 vezes o piso vigente. Por fim, em outubro de 2013, o valor necessário para atender às despesas de uma família chegava a R$ 2.729,24, o que representava 4,03 vezes o mínimo de então (R$ 678,00).
ECONOMISTA AVALIA ELEVAÇÃO DE PREÇOS
A economista do Dieese-CE, Gilvan Farias, ao comentar os resultados de setembro, observou que, entre as principais elevações, no caso da banana, por exemplo, a variação percentual, para mais, já era esperada. Conforme o economista, um dos motivos do aumento seria a redução da produção existente no Estado, que, nesse momento de extensa estiagem, é dependente da produção irrigada. “Esse aumento (no preço) da banana teve como reflexo a pequena produção no Maciço de Baturité, e essa produção não foi suficiente para a demanda do mercado. Houve, também, uma redução na Chapada do Apodi, e, além disso, a região tem o compromisso da exportação do produto, o que termina por tornar baixo o abastecimento interno do Estado. Por conta desses fatores, a oferta foi bem menor, vindo, consequentemente, o aumento”, avaliou.
No caso do pão, cuja base é o trigo, Farias informa que, como o insumo é oriundo da Argentina e Canadá, a elevação foi devido à menor entrada desse produto. “Com o aumento do preço no mercado externo, a entrada do trigo no Brasil foi menor, e isso refletiu no preço do pão”, destacou. Já os aumentos do leite e da carne estão relacionados por um motivo em comum: a seca. “No caso de Fortaleza, o aumento foi mais representativo agora, mas a tendência é de aumentar mais nos próximos meses. Analisando a série histórica, ela nos mantém estável, contudo, mediante a seca, consequentemente essa tendência de alta pode se manter e elevar mais os preços (da carne) e a gente não está distante dessa possibilidade” acentuou o economista.
Com relação às principais reduções registradas no levantamento mensal, a farinha continua em queda, continuando a tendência observada desde o início do ano – devido à entrada de produtos oriundos das regiões Sul e Sudeste, e Estados do Pará e Maranhão. “Com essa oferta, a demanda foi suprida, já que há muito produto no mercado”, ressaltou Gilvan Farias. Comportamento semelhante foi observado com relação ao tomate. “Houve uma produção também, nos últimos dois meses, vinda da Bahia, e a grande produção fez com que a oferta do Estado aumentasse também, de modo que o preço reduzisse”, finalizou o economista do Dieese-CE.

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