Uma estatística macabra fica menor


Índice de homicídios cai 12,2% no Ceará
O número de vítimas de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) - que inclui homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte - reduziu em 12,2% nos últimos três meses no Ceará, em comparação com o mesmo período de 2013. O percentual, no entanto, superou em 6,2 pontos a meta de diminuição estabelecida de 6%. A informação foi repassada pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) durante coletiva de imprensa que aconteceu na tarde de ontem.
De acordo com a secretaria, os números são reflexos da implantação do programa “Defesa da Vida”, em janeiro deste ano. Para o secretário de Segurança Pública do Ceará, Servilho Paiva, os resultados representam uma esperança e fortalecem a ideia de que o Ceará está no caminho certo. “Temos estruturas bem formatadas que permitem que seja realizado um bom trabalho na área. Os números deste trimestre são significativos para mostrar que temos condição de reduzir ainda mais”, completou afirmando que estes dois últimos meses foram os primeiros, desde 2011, que apresentaram quedas consecutivas dos números.
Em agosto, a queda foi de 15,6%. Em números absolutos, o mês passado alcançou o melhor índice desde julho do ano passado, quando ocorreram 307 CVLI’s. Já o mês de setembro, apresentou uma alta se comparado ao mês passo, mas, se comparado ao mesmo período de 2013, quando foram registrados 439 casos.
Sobre a desaceleração do crescimento dos índices criminais, Servilho afirma que “é o resultado da integração entre as forças de segurança, do trabalho das polícias focado nas áreas, horários e dias que apresentam maiores taxas de crimes e dos levantamentos realizados pelas áreas de inteligência, dentre outras iniciativas”.

INSEGURANÇA CONTÍNUA
No entanto, o que se observa é que, mesmo com a redução mostrada pelo relatório, a sensação de insegurança pelos cearenses continua a mesma. Porém, o secretário defende a atuação da polícia e afirma que o efeito não é imediato. “Estamos dando passos, e outros deverão ser dados continuamente. A questão é animar as pessoas e mostrar que é possível se chegar a uma maior tranquilidade. É possível que vençamos essa guerra”, disse Servilho, otimista. 

NÚMEROS
Neste trimestre, o relatório registrou 975 CVLI’s, 136 a menos se comparado com o mesmo período do ano passado. Em Fortaleza, a redução foi de 3%, caindo de 467 CVLI’s, em julho, agosto e setembro de 2013, para 453, no mesmo período de 2014. No entanto, em duas das seis áreas integradas de segurança (AIS) da Capital, houve aumento na taxa. Na AIS 2, que inclui bairros como Antônio Bezerra, Henrique Jorge e Conjunto Ceará, houve aumento de 9,7%. A AIS 5, que inclui bairros como Parangaba, Maraponga e José Walter, aumentou o número de CVLI’s em 11,6%.
A AIS 6 foi a região de Fortaleza que teve a maior redução na taxa de homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. O número baixou de 90 para 73 casos, representando 18,9%. Já a área, que inclui ruas e avenidas próximas à orla da Capital, teve uma redução de 42,9% no número de vítimas dos crimes.
O relatório também apresentou os dados na Região Metropolitana e Interior Norte e Sul. Na RM, por exemplo, a diminuição foi de 42,5%, reduzindo de 261 crimes para 150. Já o interior Sul, a queda foi de 8,1%, passando de 234 para 215 casos. Já no interior Norte, houve um acréscimo de 5,4% indo de 149 para 157 CVLI’s. Ainda segundo a Secretaria de Segurança, das 18 Áreas Integradas de Segurança (AIS), 13 registraram redução no índice de mortes violentas e em 12 delas, a redução foi de 6% ou mais, garantindo premiação em dinheiro aos policiais da região.

OPINIÃO
Para o coordenador do Laboratório de Estudo da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), César Barreira, os números mostram bons resultados, porém, só podem ser considerados como uma diminuição real da violência após dois ou três anos de redução consecutivas. “É fato que houve uma mudança na condução das políticas públicas na intenção de reduzir os índices de homicídios do Estado, mas quando se tem um índice anterior alto, qualquer diminuição torna-se mais aparente”, afirma acrescentando que “esta diminuição de fato está acontecendo após um período mais longo”, finalizou.
CAMILA VASCONCELOS
camila@oestadoce.com.br

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