Serviço mal feito dá nisso


MP denuncia “A Onde É” e 14 assessores
O Ministério Público do Ceará (MP-CE) protocolou, ontem, denúncia contra o vereador Antônio Farias de Sousa – mais conhecido como “A Onde É” – , pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.  Além do vereador, foram denunciadas mais 14 pessoas que trabalhavam no gabinete do parlamentar. Onze destas pessoas são familiares do chefe de gabinete de “A Onde É”. De acordo com as investigações, o parlamentar desviou mais de R$ 800 mil da verba destinada ao pagamento de assessores.
Os promotores Ricardo Rocha, Luiz Alcântara, Marcus Amorim e Herton Cabral, da Procuradoria dos Crimes contra a Administração Pública (Procap), que apresentaram, ontem, o balanço das investigações em torno do vereador, informaram que, além da denúncia criminal, o MP requereu ao Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará (TCM-CE) uma inspeção extraordinária na Câmara Municipal. Solicitou, ainda, ao Juiz titular da 18ª vara criminal de Fortaleza – vara à qual foram feitas as denúncias – o sequestro dos bens, móveis e imóveis dos denunciados e o afastamento das funções públicas do vereador e do seu chefe de gabinete, Claudemir da Silva Veras, além de prometer encaminhar, até sexta-feira (17), uma representação com o pedido de cassação do parlamentar à Câmara Municipal de Fortaleza.
As investigações apontaram que o parlamentar e seu chefe de gabinete usavam assessores “fantasmas” para realizar saques e, assim, apropriar-se do dinheiro destinado a pagamento de funcionários. Em depoimento, os supostos assessores não souberam sequer informar a localidade da Câmara de Fortaleza. Com a finalização das investigações, os promotores entenderam que, desde o início do mandato, até agora, o propósito do vereador era o de desviar a verba pública. Esse é o primeiro mandato de “A Onde É” como vereador de Fortaleza.
Os promotores ainda informaram que, durante a investigação, foram colhidos depoimentos de 23 assessores e documentos que provam aquisições incompatíveis com o salário de um vereador, que fica em torno de R$ 12 mil. “Além dos depoimentos dos assessores, ouvimos também terceiros, que de algum modo tinha vinculo de negócios com o vereador.  Foram coletados inúmeros documentos que davam sinais claros de enriquecimento ilícito. Como a aquisição de dois automóveis de luxo, de terrenos no munício de Caucaia e o que nos chamou mais atenção foi a aquisição de oito apartamentos, no bairro Meireles, que, no total, custam mais de R$ 2 milhões”, informou o promotor Ricardo Rocha.

“Lua de mel”
Os promotores ainda apontaram que recursos da Câmara teriam sido usados pelo vereador para “presentear” um casal de amigos com uma viagem de lua de mel em Gramado, município do Rio Grande do Sul. Segundo os promotores, a viagem foi paga pelo Legislativo de Fortaleza sob justificativa de que assessores do parlamentar participariam de evento oficial da Câmara no município. No entanto, o MP atestou que o único evento que ocorria em Gramado neste período era um congresso de traumatologia, que não teve qualquer participação da Câmara de Fortaleza.

Delação premiada
O MP adiantou que está negociando uma delação premiada com uma pessoa que não necessariamente seja uma das denunciadas. “Nós estamos esperançosos de contar com uma delação premiada, de alguém que pretende contar tudo que aconteceu e está acontecendo na Câmara Municipal de Fortaleza. Isso será importantíssimo para concluir todas as investigações sobre a Câmara”, afirmou o promotor Luiz Alcântara.

Investigação
O MP informou que foi concluída apenas a investigação em torno do vereador “A Onde É”. No entanto, ainda ocorre uma outra investigação envolvendo os demais vereadores da Casa.

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