Opinião

O dilema dos pais para presentear crianças da geração Z

Por Pollyana Notargiacomo Mustaro*
Dia 12 de outubro, dia de alegria, dia de folia, dia de brincar e se divertir, dia da criança! Em datas como esta os pais se preocupam com o que dar de presente: “comprar uma bicicleta?”, “um skate?”, “uma bola?”, “um carrinho?”, “uma boneca?”, “um jogo de tabuleiro?”, “um videogame?”. Atualmente essa busca pelo presente perfeito num mar de opções de brinquedos se ampliou devido ao contato das crianças com dispositivos tecnológicos como o tablet, o celular e o já citado videogame, o que leva os pais a se preocuparem não só com o conteúdo, mas com o próprio acesso. “Com qual idade meu filho pode interagir com estes equipamentos?”, “Como escolher os aplicativos e os jogos?”, “Posso deixar meu filho/minha filha navegar na Internet ou ver filmes?”, “Quanto tempo deixo ele/ela usar?”.

Essas inquietações surgem num cenário em que se deve levar uma série de fatores em consideração. O primeiro deles é que as crianças da atual geração nasceram numa cultura tecnológica, cercadas por dispositivos com acesso a informações em diferentes mídias e formatos. Assim, muitas, desde cedo, já aprenderam a usar o celular dos pais antes mesmo de falar. Contudo, é importante atentar para a questão de que as crianças podem interagir e se divertir com dispositivos eletrônicos, e também manter outras brincadeiras ao ar livre, criar seus próprios jogos e histórias com os brinquedos que já possui ou que venha a ganhar ou inventar. Sempre temos que balancear os tipos de brincadeiras, instituindo um ambiente saudável, em que os eletrônicos sejam mais um estímulo, mas não o único ou o principal.

Outro aspecto a ser considerado é que apesar de as crianças apresentarem facilidade para interagir com dispositivos digitais, isso não quer dizer que podem arbitrar o uso, ou seja, é preciso acompanhar a criança, ter contato com este universo e verificar se os jogos e aplicativos são adequados. Muitos pais se preocupam com a questão da classificação etária somente do ponto de vista da violência, mas também é preciso considerar aspectos cognitivos, motores, etc. Se um jogo apresentar um desafio que está acima do que a criança é capaz realizar isso implicará em frustração e também num sentimento de incapacidade que pode ter repercussões para a autoestima. Assim, os pais devem não só ler a descrição dos aplicativos como também ver vídeos de demonstração para verificar a mecânica de funcionamento, além de buscar informações online (existem alguns websites e aplicativos que compartilham informações de classificação e também opiniões de outros pais). Portanto, os pais devem acompanhar o cotidiano de seus filhos: os dispositivos não constituem babás eletrônicas contemporâneas.

Da mesma forma, é preciso atentar para a segurança, a navegação na Internet requer cuidados como informar às crianças que não devem conversar com estranhos ou dar informações, da mesma forma que se faz, por exemplo, quando se está na rua e, em caso de dúvida, perguntarem aos pais. Outras estratégias para minimizar tais questões envolvem a instalação de aplicativos com filmes, animações, jogos, etc. específicos para crianças, ou mesmo de aplicativos que permitam a definição de perfis de usuário.

Finalmente, sobre o tempo de utilização, é importante atentar para que a criança, na medida do possível, tenha a oportunidade de terminar uma tarefa a que se propôs, ou seja, mesmo a definição de um período de uso requer um ajuste ao perfil da criança, assim, ela aprende que ela pode finalizar uma atividade que começou. De qualquer forma, o mais gostoso de todos os dias, e não só do dia da criança, é brincar em família!
*Pollyana Notargiacomo Mustaro, professora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE) e da Faculdade de Computação e Informática (FCI) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).

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