Tá no ANcelmo

Turma da bufunfa

Nesta campanha, banqueiros se transformaram numa espécie de Geni, a ponto de Dilma e Marina repelirem qualquer proximidade com a turma da bufunfa, para usar uma expressão cunhada por Paulo Nogueira Batista Jr. Aqui, o escritor e militante político Frei Betto abre o debate sobre o tema.
‘Não jogo pedras na Geni’
Por Frei Betto

“Ninguém duvida de minha postura ideológica, explícita na trajetória de vida e escancarada em meus livros e artigos. Tenho banqueiros na família. Fui amigo de Olavo Setubal, com quem cheguei a almoçar em companhia de João Pedro Stédile. Conheço a filha dele, Neca, excelente educadora. E poderia citar aqui os nomes dos banqueiros perdulários com as campanhas eleitorais do PT e do PSDB.

Na eleição presidencial de 2010, a Geni era o aborto. Nesta, os banqueiros. Como se fossem portadores de doença letal capaz de contaminar quem deles se aproxima.

Ora, banqueiros existem desde que a troca de mercadorias cedeu lugar à moeda. O Templo de Jerusalém era o principal banco do Império Romano no tempo de Jesus. E até hoje não se conhece um só país que prescinda de bancos.

Pertinente é debater a autonomia do Banco Central, o risco de ter o mercado como paradigma da pós-modernidade, se o sistema financeiro cumpre sua função social, e que dosimetria penal deve ter a especulação, favorecida por paraísos fiscais.

Julgo o capitalismo intrínsecamente nefasto. A própria denominação o define: prevalência do capital sobre os direitos humanos. Este o foco que deve nos orientar na busca de “outros mundos possíveis”. Jogar pedra na Geni, ou seja, nos banqueiros, sem debater o sistema financeiro é o mesmo que acusar o pobre de padecer privações por mera preguiça de trabalhar.

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