O Douro, belezas e vinhos

Cruzeiros ibéricos divulgam beleza do "Grand Canyon da Europa"

  • Armando Franca/AP
    Vinhedos plantados nos sopés acima do rio Douro, perto da vila Foz Coa, marcam paisagem natural dessa região de Portugal, localizada no norte do país Vinhedos plantados nos sopés acima do rio Douro, perto da vila Foz Coa, marcam paisagem natural dessa região de Portugal, localizada no norte do país
Cruzeiros ambientais organizados por Espanha e Portugal divulgam a beleza do Rio Douro, considerado o 'Grand Canyon da Europa', e impulsionam a economia local das regiões de fronteira.
A Estação Biológica Internacional do Douro (E.B.I.) desenvolve este projeto como parte do seu trabalho de preservação do rio, que nasce em Sória (Castela e Leão) e atravessa o norte de Portugal até desembocar nas cidades portuguesas do Porto e Gaia.
 
Os passeios são feitos diariamente a bordo de embarcações que saem do Lago de Sanábria, na província de Zamora (Espanha), e de Miranda do Douro, na região de Bragança (norte de Portugal).
 
Os trajetos permitem aos visitantes ver a beleza do lugar de dentro do rio, o que favorece uma visão única do chamado "Grand Canyon da Europa", com 200 metros de altura. O Douro foi considerado indomável durante décadas, devido às suas fortes correntezas, curvas fechadas e fluxos violentos, mas a construção de várias barragens ao longo dos seus, aproximadamente, 900 km conseguiu acalmar suas águas.
 
O novo rio se tornou um lugar tranquilo e paradisíaco onde, além de cruzeiros, são realizados eventos esportivos e culturais, tais como a Extreme Sailing Series e o Red Bull Air Race. O seu curso marcou também a história da região, pois as suas águas banham o Vale do Douro em Portugal, onde se cultivam as uvas colhidas para o vinho do Porto, também transportado através do rio.
 
O coordenador da Estação Biológica Internacional, David de Salvador, explicou à Agência Efe que a natureza singular mostrada pelos cruzeiros do Douro atrai anualmente entre 60 mil e 70 mil visitantes, traduzido em grande impacto na economia local. O projeto contribuiu em 2,5 milhões de euros para a região, e reavivou negócios locais como restaurantes, hotéis e lojinhas das populações que vivem no entorno.
 
O cruzeiro português sai da estação biológica do Parque Natural de Arribas do Douro rumo a Salamanca e leva 120 passageiros através das encostas íngremes do rio. Guias explicam sobre flora, fauna e geologia, e o sistema aquático da parte superior do rio, ao longo da viagem no navio-escola "Esqua", equipado com um laboratório e aparelhos para visão por infravermelhos.
 
No final do cruzeiro, os visitantes podem assistir a uma apresentação interativa das aves de rapina pertencentes aos projetos de criação em cativeiro desta entidade.
 
No Lago de Sanábria - o maior lago de origem glaciar da península Ibérica -, o passeio se foca no estudo do ecossistema aquático da linha d'água para baixo. Os passageiros viajam com o navio-escola Helios, o primeiro catamarã eólico-solar do mundo com zero emissão de gases, provido de um laboratório oceanográfico.
 
Ao longo do percurso, biólogos-mergulhadores da Estação Biológica descem ao lago e explicam de lá sobre geologia, fauna e flora submarina. No fim, os passageiros provam os produtos típicos da região, como o vinho do Porto (da parte portuguesa) e uma degustação de sidra de Sanábria (da parte espanhola).
 
O valor arrecadado neste passeio turístico é investido em pesquisas e projetos de proteção do habitat realizados pela Estação Biológica e pelas entidades com as quais colabora. Os projetos são feitos com o apoio do Instituto da Conservação da Natureza (ICNF) de Portugal e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), no norte de Portugal, e a Cousteau Divers, organização liderada por Pierre-Yves Cousteau, filho do célebre oceanógrafo francês Jacques Cousteau.

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