Moda íntima cearense já é 14,4% da produção do País


A moda é um importante setor da economia e já tomou conta do universo feminino, ditando posturas, sentimentos e até atitudes. De acordo com a Associação Brasileira de Indústria Têxtil (Abit), o mercado mundial de toda a cadeia têxtil, incluindo matérias-primas, é extremamente competitivo e movimenta, por ano, cerca de US$ 355 bilhões. Dentre os quais, US$ 151 bi estão atrelados aos produtos têxteis e outros US$ 180 bi nas confecções. A sua evolução deve-se ao fato do aumento de renda nos países mais desenvolvidos e a abertura de novos mercados. No caso do Brasil,  dono do sexto maior parque têxtil do mundo, tendo mais de 30 mil empresas em toda a cadeia, somente em 2004 foram faturados, aproximadamente, US$ 25 bilhões, gerando 1,5 milhão de empregos entre formais e informais no segmento. Atualmente, a produção anual de vestuário nacional é de 6,4 bilhões de peças.
A comercialização de roupas é uma atividade explorada por um amplo e variado grupo de empresas, que procuram organizar suas estratégias de trabalho de acordo com os mercados aos quais pretendem atender. A relação do vestuário no cotidiano não limita-se, apenas, à necessidade de proteção ou diferenciação social. No século XVI, a saúde feminina esteve sob forte controle da moda, principalmente por influência do espartilho, que tornou-se peça obrigatória de seu vestuário até o século XIX, quando entrou em vigor a “medicina vestimentária”. Esta buscava sanar os problemas que a moda trazia às mulheres, sendo contra o excesso de botões, laços e ataduras apertadas, que prejudicavam o fluxo linfático.
Hoje, a preocupação é outra, estando mais ligada à “medicina estética”, que procura corrigir imperfeições que as mulheres julgam apresentar, a fim de se adequarem às tendências atuais. E na moda íntima não é diferente. Ao mesmo tempo em que a procura por peças que escondam as indesejáveis gordurinhas e modelem o corpo aumentou, a mulher moderna também busca valorizar o seu perfil, manter-se sensual e confortável durante o seu dia a dia. Acessórios e adornos ganharam força e apresentam-se numa diversidade que vai desde tecidos naturais até pingentes preciosos. Foi para suprir estas necessidades que a indústria de vestuário se aprimorou e tornou-se a quarta atividade de maior importância no mundo, ganhando cada vez mais atenção e gerando uma série de oportunidades de negócios.
NO CEARÁ
Segundo o Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Indi), que integra a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), no ano passado o Estado foi destaque em exportações no setor de moda íntima, ficando em terceiro lugar na produção nacional (14,4%) – com 14,16% em receita líquida, 14,62% em custos e despesas, além de 13,65% em Valor da Transformação Industrial (VTI). Em relação às exportações de vestimentas, o Ceará ficou em sétimo colocado no ranking brasileiro, com participação de 2,6% do total nacional – o que representa US$ 3,4 milhões. Os dados fazem parte do “Perfil Setorial Vestuário de 2013”.
De acordo com Cairo Benevides, proprietário da grife cearense de lingerie Liebe, a  moda segue as suas próprias leis, igualando-se à arte nesse ponto. “A moda não é algo apenas consumível ou para se vestir, ela engloba estilo, personalidade, atitude e glamour, exprimindo também a vontade de experimentar o novo, de se tornar algo único e inconfundível”, afirmou. Para o empresário, a moda abriga ainda, duas caracterizações que impactam diretamente na personalidade, que são o estilo e a tendência. O primeiro está aliado ao gosto pessoal, desejos, atitudes, ideais e escolhas. Já a tendência é formada por fatores sociais, culturais e temporais, que irão definir o que será usado na próxima temporada, por exemplo. “Na Liebe, temos um setor específico de criação que estuda, planeja e escolhe as cores, cortes e modelagens que irão compor as peças apresentadas ao público nas próximas coleções”, explicou Cairo.
Conquistar o público feminino é um desafio para qualquer empresa. A tarefa exige sensibilidade, criatividade e atualização constante sobre as tendências do mercado. A sazonalidade, aliada ao surgimento de novos gostos, exige que o empreendedor tenha bastante atenção aos artigos comercializados. No caso das peças íntimas, sempre presente no guarda-roupa feminino, é preciso ter cuidado com a sua elaboração, verificando a matéria-prima utilizada, conhecendo as características de cada produto e o perfil dos clientes. “Estamos sempre atentos à qualidade de nosso tecido, à perfeição do acabamento e à exclusividade de nossas peças, isso faz todo o diferencial da marca Liebe”, ressaltou o empresário.
INVESTIMENTOS
E para garantir a qualidade de seus produtos, somente este ano, a grife investiu cerca de R$ 200 mil na aquisição de novos equipamentos de ponta, para garantir ainda mais o corte adequado e o conforto de suas peças, para quem vai usá-las. Em nível local, a Liebe produz, anualmente, cerca de dois milhões de peças para atender às suas seis lojas de varejo, localizadas nos melhores shoppings de Fortaleza, e às exportações realizadas para clientes do outros estados do Brasil e, também, do exterior. Tendo excelente aceitação no mercado, a empresa tem visto o seu faturamento crescer a cada ano e já oferece oportunidade de trabalho para mais de 350 pessoas, diretamente, além de outros mil empregos indiretos. “Estou me estruturando em relação à gestão e procurando melhorar a nossa lucratividade, para continuarmos crescendo no mercado, pois hoje temos um faturamento em torno de R$ 15 milhões por ano”, disse Cairo.

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