Economia do gelato

Produção de sorvetes cresce 86% no Ceará
A indústria sorveteira vem despontando no Ceará e atraindo investidores do setor. Basta um passeio por avenidas da capital cearense para nos depararmos com espaços projetados de maneira elegante e convidativos. São as gelaterias, que ganham as ruas de Fortaleza e nos convidam a saborear aquela delícia gelada. Em uma mesma rua, é possível encontrar com dois ou três estabelecimentos do gênero (ver matéria coordenada, abaixo). A concorrência parece não assustar os visionários do setor, cada vez mais preocupados em oferecer qualidade ao consumidor. A ideia é cativar o cearense pelo paladar.
Para isso, vale misturar sabores e texturas diversas. O uso das frutas tropicais atende bem às exigências dos consumidores, antenados com as novidades e gostos mais exóticos. O público é bem variado; algumas vezes, há que se enfrentar até filas. E, vamos combinar, o clima da cidade pede esse encontro.
A boa notícia é que, no Estado, o consumo e a produção aumentaram nos últimos quatro anos. Antes, o consumo per capita era, em média, 2,5 litros e, hoje, chega quase a 5 litros, ou seja, praticamente o dobro. Se comparado a outros países, o consumo ainda é muito baixo, mas, como estamos em processo de crescimento, os dados já são bem satisfatórios. As indústrias de sorvetes do Estado – como Frutbiss, Nattural, Frosty, Pardal Yopp, dentre outras –, tiveram um aumento de produção em torno de 86%, passando de uma média 6 milhões litros anuais, para mais de 11 milhões, o que resultou em um aumento de mais de 62% no faturamento.
CONFIANÇA
Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Sorvetes do Estado do Ceará (Sindsorvetes), Flávio Noberto, o mercado está cada vez mais inclinado a consumir produtos locais. “Ganhamos a confiança nas marcas regionais, resultado da profissionalização das indústrias locais. Antes, as multinacionais como Kibon e Nestlé tinham 90% do mercado cearense e, hoje, as duas juntas não chegam a 50%”, disse.
Quanto ao quantitativo real de indústrias no Estado, Noberto diz não dispor dessa informação, pois está iniciando esse levantamento. Porém, dados anteriores confirmam que há, em média, 150 indústrias no Estado, sendo 45 na Capital. A grande representação e as maiores empresas estão situadas em Fortaleza, e os dados das mesmas são bem representativos para o setor.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Sorvete (Abis), no Brasil, o consumo de sorvete por pessoa não chega a 6 litros ao ano, um número muito inferior se comparado com os países europeus, que é de 20 litros/ano. Já nos Estados Unidos, a produção chega a ser 60 vezes maior do que a brasileira. Apesar disso, nos últimos anos o setor apresentou crescimento de 76,49% no consumo, em milhões de litros vendidos, e 62,56% no consumo per capita, por ano.
A indústria de sorvete no Brasil vem produzindo cerca de um bilhão de litros de sorvete, anualmente. O consumo em nosso País teve um aumento de quase 40%. Atualmente, o consumo nacional por pessoa chega a seis litros. No País são mais de dez mil fabricantes, sendo que 90% são micro e pequenas empresas. De acordo com a Abis, os sabores preferidos pelos brasileiros são: chocolate, baunilha, morango e flocos.
Domínio de micro e pequenas empresas
Um dado relevante e comumente observado a exemplo da Venetoni Gelato e Confeitaria, no mercado há quase dois anos. A empresa possui apenas dez funcionários que, juntos, preparam tudo com muito carinho. A ideia surgiu quando os sócios, em viagem pela Itália, observaram o alto consumo do alimento naquele país, apreciavam o gosto e, principalmente, a qualidade dos produtos. Hoje, a Venetoni não busca acompanhar modismo e sim oferecer texturas e sabores tão especiais quanto aqueles experimentados pelos sócios, quando em suas inesquecíveis viagens.
O chef italiano Enzo Agresti já morava em Fortaleza e, hoje, é o responsável por encantar o paladar cearense. Ele e a equipe produzem, diariamente, uma variedade de sabores para atender às demandas, que, por aqui, já são muitas. Ao entrar na Venetoni percebe-se o ambiente leve e aconchegante. O olhar se volta imediatamente para as cores e sabores. Difícil é resistir. E resistir para quê?
A palavra de ordem é a busca pela qualidade. “Não basta misturar os ingredientes”, destacou Enzo. Os principais deles são importados, como o cacau e as pastas, trazidos da Bélgica, de uma empresa líder no ramo de beneficiamento do fruto. Os sabores preferidos do consumidor local são chocolate, pistache e leite ninho.
CONCEITO MUDA
No Ceará, após a união de 26 indústrias de sorvetes, muito já foi conquistado. Os empresários são unidos e realizam eventos com o intuito de incentivar o consumo do sorvete como alimento. A central de compras criada após essa união é extremamente importante para conseguir melhores preços e produtos.
Os responsáveis pelo crescimento do setor trabalham para mudar alguns conceitos. A ideia é associar o alimento aos benefícios que este traz à saúde. O sorvete é um alimento nutritivo, rico em proteínas, vitaminas (A, B1, B2, B6, C, D e K), cálcio, fósforo, açúcares, gorduras vegetal/animal, além de outros minerais essenciais.
Origem da delícia gelada
Foi na China, há 4.000 anos, quando uma sobremesa à base de leite e arroz foi congelada na neve. Logo a delícia ganhou prestígio, mas apenas entre a nobreza, que podia dispor de leite e tinha como conservar a neve até o verão, valendo-se de câmaras frigoríficas subterrâneas. Já o picolé é criação dos italianos. No Brasil, o sorvete só chegou em 1835, de uma maneira curiosa: um navio americano aportou no Rio de Janeiro com muitas toneladas de gelo. Dois comerciantes cariocas compraram o carregamento e começaram a vender sorvetes, feitos da mistura do gelo com frutas.
Naquela época, não havia geladeiras, e a guloseima tinha de ser consumida assim que era feita. Por isso, havia hora certa para ir à sorveteria. Com o calor do Rio, quem se atrasasse corria o risco de tomar suco de sorvete. Em 1941, foi fundada no Rio de Janeiro a U.S. Harkson, primeira fábrica de sorvetes do Brasil.

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