A campanha do pão com pão
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Outra vez, valho-me do velho crítico, Carlos Brickmann, para rogar sua
leitura ao momento político. Quando dá notícias da Petrobras, a imprensa
está vendida aos tucanos. Quando dá notícias do aeroporto de Aécio, a
imprensa está vendida aos petistas. Nunca dantes na história desse País
os pobres foram tão beneficiados, dizem os petistas. Nunca dantes na
história desse País se roubou tanto, dizem os oposicionistas. É
fantástico: nenhum dos lados parece pensar que, para vencer as eleições,
é preciso convencer eleitores adversários, ou indiferentes. Os
eleitores cujo voto já está definido, aqueles que chamam o PSDB de
extrema-direita, aqueles que chamam os petistas de petralhas, não
precisam ser convencidos. Se um tucano duplicar sua raiva contra o PT,
seu voto continua valendo a mesma coisa. Se um petista explicar a outro
que não chove em São Paulo por culpa dos tucanos, não terá conquistado
um só voto. E, no entanto, é assim que estão as campanhas. James
Carville, que comandou o marketing da campanha vitoriosa de Bill Clinton
contra um presidente muito popular, insistiu o tempo todo em discutir
preços e nível de emprego. “É a economia, estúpido!” era sua frase
favorita. Clinton ganhou as eleições. Não acusou o presidente Bush pai
de roubalheira, não ficou caçando escândalos: concentrou-se em discutir a
vida real do eleitor. A campanha é aborrecida, em parte, porque nenhum
candidato é entusiasmante. Não há um Juscelino, um Jânio, um Lacerda –
ou até mesmo um Tancredo, que virou carismático a bordo de um movimento
popular. E está aborrecida, principalmente, porque todos querem
converter os convertidos. Êta, gente chata! Um grande empresário,
inteligente e culto, com meio século de atividade, explica por que
acusações de corrupção não decidem eleições. Para o eleitor, em geral o
político é ladrão. Se todos são ladrões, que se escolha o mais
eficiente. Ou leva-se em conta o magnetismo pessoal. O PT ameaçou mudar
essa fórmula, com líderes vindos dos sindicatos e proclamações de
honestidade – diferente de tudo que estava aqui. Mas as coisas mudaram
(e isso explica algumas das dificuldades que Dilma enfrenta nas
pesquisas): empresários juntaram-se ao PT, o próprio Lula diz que jamais
os banqueiros ganharam tanto quanto nos governos petistas, e hoje
políticos do PT, sob o peso de acusações graves, tentam provar que são
como os adversários, aos quais acusam de também roubar. É a volta ao
habitual: se são todos iguais, o critério de escolha do eleitor tem de
ser outro.Lições de Shakespeare(Nota da foto)
Eduardo Campos, ao morrer, provocou comoção nacional, transformou-se em personalidade cultuada, suas virtudes foram festejadas. Não permitamos que a frase de Marco Antônio, no discurso após o assassínio de César, volte a ser aqui aplicada: “O mal que os homens fazem vive depois deles; O bem é, muitas vezes, enterrado com seus ossos”. Que o bem que poderia fazer sobreviva a ele. Na Fifa, em Zurique, quando o Brasil virou sede da Copa. Eu estava lá.
A frase: “Cuidado com o que comeu, antes de descomer o que não comeu”. Tem alguém de memória observando a cena.
• Três notas (1) - Na Bahia, ladrões roubam piscina, bombas da piscina e escada da piscina.
• Três notas (2) - São Paulo e Rio de Janeiro brigam entre si por água. Se fosse no Nordeste...
• Três notas (3) - Cassado pelos tribunais, Arruda lidera campanha pro Governo do DF.
• Com todo respeito - Isto é que é país. Gente processada, enganadores do fisco, contumazes visitantes da Justiça do Trabalho, tradicionais aventureiros, desempregados à cata de emprego público e, aqui acolá, um vocacionado formam o grupo de candidatos pra cargos no Brasil.
• Tão mentindo - Essa coisa de anunciar apoios de fulanos, sicranos e beltranos a candidaturas virou algo de inconsequente e irresponsável. Um mentiroso qualquer inventa um boato e os áulicos vão atrás sem checar. Quando vêm os desmentidos, ficam com cara de paisagem. Ê, ê!!!
• O que astravanca o pogréssio - Com o horário eleitoral que inicia esta semana, a perda de receita do Tesouro Nacional, devido à isenção de tributos, será de R$ 840 milhões. Rádio e TV não perdem porque cobram do governo a propaganda pela tabela cheia. Revertido na paga de impostos.
• O vale da morte - Professores que trabalham no interior do Ceará reclamam para o Blog do abusivo aumento no preço do estacionamento do Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé, que chegou a 833%.
• Choro recebido - Segundo os professores, eles costumavam deixar seus veículos no estacionamento, enquanto se deslocavam de ônibus para outros municípios. Ao retornarem, era cobrado o preço de R$ 6, pela diária. Atualmente, o preço é de R$ 28,80 por 12 horas.
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