As desculpas israelensesMauro Santayana
O
Palácio do Planalto informou, em nota, que o presidente eleito de
Israel, Reuven Rivlin, telefonou para a presidente Dilma Rousseff e
pediu desculpas pelas declarações de Yigal Palmor, porta-voz do
Ministério de Relações Exteriores de Israel. Esse funcionário
classificou, em entrevista ao Jornal “The Jersusalem Post”, nosso país
como um “anão diplomático”, após a retirada do embaixador brasileiro em
Israel, para consultas, em consequência da “desproporcionalidade” da
resposta militar israelense, em seus ataques contra a população
palestina da Faixa de Gaza.
Em sua entrevista, Yigal Palmor
respondeu também à posição brasileira, com ironia, afirmando que
“desproporcional é perder de 7 x 1”, lembrando o placar da derrota do
Brasil para a Alemanha, na Copa do Mundo.
Depois do incidente
diplomático com o Brasil, Israel perdeu, no Conselho de Direitos Humanos
da ONU, por 29 votos a um – só os EUA ficaram ao lado do governo
sionista – em votação que aprovou resolução recomendando a investigação
de sua atuação em Gaza.
Além disso, o Brasil conseguiu, na
Cúpula do Mercosul de Caracas, o mais amplo apoio à sua posição com
relação a Gaza, e mais três países, Chile, Peru e Equador, tomaram
decisão semelhante à sua, chamando também seus embaixadores nomeados
para Telaviv para consulta.
No contato com o presidente
israelense, o governo brasileiro reafirmou os laços que unem brasileiros
e israelenses, há muitos anos, mas Dilma Rousseff reafirmou, também,
que o Brasil continua achando desproporcional a força utilizada por
Israel, no contexto da intervenção em Gaza, e que continuará lutando
pelo direito de palestinos e israelenses à paz, à vida e à dignidade.
Como
brasileiros, recebemos e agradecemos as desculpas do novo presidente
israelense, Reuven Rivlin. Ficaríamos, alguns de nós, no entanto, mais
satisfeitos, se seu país dirigisse também seu arrependimento – ao menos
in memoriam - às centenas de palestinos, inclusive mais de 400 crianças,
que já não se encontram entre nós, e que morreram pelas suas armas,
entre os escombros de Gaza nas últimas semanas.
Para nós, a
morte de um cidadão israelense, atingido por um foguete do Hamas, é tão
grave como a morte de um cidadão palestino, atingido por uma bomba da
aviação israelita, ou pelas balas de um soldado de Israel.
Só não
nos peçam para acreditar, ou aceitar, que a morte de 3 civis
israelenses é tão grave como a de quase 2.000 cidadãos palestinos e a
destruição de milhares de casas, escolas, ruas, hospitais, que deixou
dezenas de milhares de feridos e de refugiados sem um lugar para se
abrigar.
Mauro Santayana é jornalista e meu amigo
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