Um sentimento, um reconhecimento


Um dia, acidentado, de muletas e perna no gesso, viajei para o Rio Grande do Sul, onde narraria o primeiro jogo da final de disputa do campeonato brasileiro de futebol. Internacional de Porto Alegre e Vasco da Gama. Como estava lá o Brasil inteiro de rádio, jornal e televisão, não havia cabine para todo mundo.  Montei meu circo (sozinho) numa linha que me foi posta atrás de um dos gols do Beira Rio. Eu e mais um mundaréu de gente. Do outro lado, no gol oposto, estava o maravilhoso narrador Foguinho, de uma rádio de Juazeiro do Norte. Fazer um jogo sozinho é barra, imagina narrar e no intervalo ainda comentar. Pois quando terminou o primeiro tempo, como que num passe de mágica, estava a meu lado o Foguinho, com o carinho que o povo de todo o Cariri trata a mim e a seus visitantes, se propondo a comentar o jogo que ele acabara de narrar do outro lado do campo. Nunca esqueci disso. Jamais esquecerei um ato de parceria e generosidade. Sou reconhecido, e o reconhecimento é o que há de mais nobre do ser humano. Porquê dessa história? O Foguinho morreu esta semana e deixa em mim uma saudade enorme.

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