Toma lá dá cá do Brics


Desenvolvimento e relações comerciais são destaques
Fortaleza é,desde ontem, palco das atenções da imprensa internacional, devido ao início da VI Reunião de Cúpula do Brics - grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, consideradas as economias emergentes no panorama mundial -, no Centro de Eventos do Ceará (CEC). Houve reuniões, também, envolvendo os ministros de finanças e comércio, além de presidentes dos bancos centrais dos cinco países. O assunto principal foi a criação do Banco de Desenvolvimento do Brics, com aportes de US$ 50 bilhões, além de um Fundo de Emergência, com recursos de US$ 100 bi, para ajudar os países integrantes do bloco no caso de dificuldades financeiras. O local da sede e quando ele será instituído devem ser definidos durante a reunião dos chefes de Estado, que acontece hoje, também no CEC.  “Precisamos de uma parceria que permita ganhos recíprocos. Uma parceria com a qual o empresariado brasileiro possa trabalhar, lado a lado, com a comunidade empresarial do Brics, enfrentando os desafios da competitividade”, disse Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), durante a abertura do 4º Foro Empresarial, que também aconteceu na tarde de ontem.
Dentre os principais assuntos discutidos entre ministros dos países que integram o Brics e mais de 600 empresários, estiveram a integração econômica e os seus desafios para o crescimento sustentável; as perspectivas de integração no comércio, investimentos, facilitação do fluxo de pessoas e regulação, além do encontro de negócios. “Tenho a expectativa que a gente vai avançar muito na formatação e nos acordos, para lançar o Banco de Desenvolvimento do Brics, que é importante para todas as empresas dos cinco países, principalmente por permitir que os investimentos de um país, em outro do Brics, possam ter mecanismos de financiamento internacional, com garantias dadas por suas matrizes, nos países de origem. É muito difícil para qualquer empresa investir lá fora, simplesmente com seus próprios recursos. Então, esse mecanismo vai ser fundamental para aumentar o número de empresas brasileiras com investimentos no exterior”, destacou o presidente da CNI.
OPORTUNIDADE
A situação econômica internacional é positiva para a aproximação comercial entre os cinco países que integram o grupo, e o elevado número de empresários participantes revela que, para o setor privado, esse relacionamento tem um significado estratégico na política econômica dos integrantes do Brics. Como o Brasil tem um déficit da ordem de US$ 64 bilhões em infraestrutura, os outros países que integram o bloco representam uma oportunidade de fontes de investimento e de relacionamento comercial com empresas brasileiras. “Nosso objetivo é fazer com que a indústria tenha um papel ainda maior no crescimento do Brasil, com o adensamento das cadeias produtivas e com expansão, cooperação e investimento na área de infraestrutura e de energia”, ressaltou Robson de Andrade.
Os representantes de Rússia, Índia, China e África do Sul demonstraram uma posição otimista com relação ao futuro do comércio entre os países que integram o bloco dos emergentes. E, para o Brasil, que atualmente exporta cerca de 80% de commodities (ou seja, matérias-primas e produtos agrícolas), pretende aumentar a exportação de produtos manufaturados. “O que nos torna menos competitivos são o câmbio, o custo de produção, a carga tributária, entre outros fatores. Não adianta falar que queremos exportar produtos de maior valor agregado, se não temos preço. A qualidade do produto brasileiro é reconhecida lá fora, mas nosso custo de produção é muito grande. É nisso que estamos trabalhando”, completou o presidente da CNI.

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