Operários querem estacionamento em canteiro de obras e dinheiro pra combustivel


Trabalhadores e polícia entram em confronto
O oitavo dia de greve dos trabalhadores da Cconstrução Civil foi marcado por manifestação e confronto com a polícia na manhã de ontem, 30. Cerca de 500 operários reuniram-se na Praça Portugal e de lá seguiram em passeata até o cruzamento entre as avenidas Raimundo Girão e Barão de Studart. Segundo a assessoria do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da construção civil da Região Metropolitana de Fortaleza (STICCRMF), os policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar fizeram uma barreira e impediram o acesso dos grevistas a Avenida Beira Mar.
Parte do grupo tentou avançar à orla marítima pela Rua José Vilar, onde não havia policiais. Foi então que o conflito teve início. De acordo com o STICCRMF, os policiais utilizaram bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha para conter os grevistas.
Conforme o diretor do Sindicato da Construção Civil, Laércio Santos, para protegerem suas vidas, os manifestantes revidaram as agressões. “Em nenhum momento agredimos alguém. Não jogamos nada neles, mas eles nunca vão confirmar isto. Quando a polícia deu o primeiro tiro contra um trabalhador, claro que revidamos para assegurar a nossa vida. Mas em nenhum momento quisemos violência para reivindicar nossos direitos”, garante Santos. O diretor informou, ainda, que os policiais provocaram os trabalhadores. “Eles estavam chamando a gente para a briga, nos provocando a todo instante. Estavam querendo briga. Estamos preocupados com essa situação. Queremos nossos direitos. Não somos vândalos, mas estão querendo nos dar um banho de sangue”, reclama. Do confronto, um grevista saiu ferido no braço, mas passa bem.
O diretor disse que “os turistas viram a truculência da polícia. Muitos ficaram assustados e outros até passaram mal com o gás que eles jogaram na gente. É essa a imagem que eles estão mostrando para o mundo, o de uma polícia violenta”, afirma Santos. 
O tenente-coronel Albano informou ao jornal O Estado que a Polícia Militar agiu dentro da legalidade. “Houve quebra da garantia da lei da ordem. Eles portavam pedras e paus e jogaram contra a polícia, que interveio para garantir a ordem e resguardar o patrimônio público. A barreira foi feita para evitar um quebra-quebra maior”, argumenta.
Após o confronto, os manifestantes seguiram até a Avenida Barão de Studart, onde foi realizada uma assembleia. Na ocasião, ficou decidido pela continuidade da greve dos operários.
MOTORISTAS E COBRADORES
No final da tarde de ontem, o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro) realizou uma assembleia. Na ocasião ficou decidido que a categoria irá fazer visitas aos terminais de ônibus para discussão com motoristas e cobradores sobre uma possível adesão à greve dos trabalhadores da construção civil. De acordo com a assessoria do Sintro, o dia de hoje será de consulta e diálogo entre as categorias.
REIVINDICAÇÕES
A greve da categoria teve início no último dia 23 de junho, quando o STICCRMF decidiu pela paralisação dos trabalhos nos canteiros de obra após impasses envolvendo as negociações com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE). Os operários querem  15% de reajuste salarial, cesta-básica de R$ 150, plano de saúde, um acréscimo de 5% de vagas exclusivamente para mulheres nos canteiros de obras, hora extra no trabalho aos sábados de 100%, auxílio-creche, e a criação do Dia do Trabalhador da Construção Civil.
REDUÇÃO DAS PROPOSTAS
Segundo a assessoria do STICCRMF, o sindicato reduziu as propostas colocadas à mesa para que o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE) voltasse a negociar. “Reduzimos de 15% para 10% o pedido de aumento salarial e o valor da cesta básica, lançada no valor de R$ 150, foi reduzida para R$ 120”, aponta Santos. O sindicato disse que, mesmo assim, o Sinduscon ainda não os procurou oficialmente, mas que espera um acordo em breve. 
Em nota, o Sinduscon-CE esclarece que “continua aberto ao diálogo, mas a negociação da convenção coletiva da categoria está inviabiliza pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (STICCRMF), ligada ao movimento CSP-Conlutas (PSTU), que insiste em manter uma pauta fora da realidade econômica  do País. Além do aumento de 15% nos pisos, incluem a criação de estacionamento nos canteiros de obra e auxílio-combustível para veículos, entre outros pontos que, somados, chegam a representar mais de 50% de reajuste”. 
Hoje, a categoria deve reunir-se novamente para reivindicar seus pedidos. Porém, não divulgaram o local do encontro.

CAMILA VASCONCELOS
Da Redação

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