Brics a bracs




VI Cúpula do Brics começa hoje no Centro de Eventos
Será iniciada, hoje, no Centro de Eventos do Ceará (CEC), a VI Reunião de Cúpula do Brics, grupo formado pelos países ditos emergentes: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (o ‘s’  do fim da sigla, pois o nome é South Africa, em inglês). O encontro, presidido pelo Brasil, já é um evento tradicional de grande importância, do ponto de vista da formação desse grupo, de seu fortalecimento geopolítico e da cooperação prática entre seus membros, em diversos anos. Afinal, as economias destes países já representam, atualmente, 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta. Os chefes de Estado e empresários dos cinco países debaterão a situação política e econômica do grupo e como estão inseridos no contexto internacional.
A importância do Brics está em trabalhar, em conjunto, para reformas globais de governança política e econômica. O grupo é sério, competente e responsável, com cinco economias dinâmicas, que está sendo visto como novo polo de crescimento internacional. E a VI Cúpula dará a oportunidade de consultas, entre eles, a fim de que possam coordenar posicionamentos de diferentes questões, sublinhando as aptidões, solidariedade, cooperação dos países do Brics, contribuindo para que possam vencer os desafios globais e regionais.
Hoje, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) promoverá o Encontro Empresarial do Brics, o Business Network e o Conselho Empresarial do Brics, também no CEC, às vésperas da reunião dos chefes de Estado dos cinco países. A expectativa é de que o Business Network, rodada de negócios entre 602 empresas, movimente US$ 3,9 bilhões, devido aos interesses mútuos em diversas áreas. “Nossa prioridade é buscar uma agenda pragmática. Queremos que o Brics avance e aproveite a aliança política para reforçar a agenda econômica. Conhecemos todos os desafios e as diferenças entre nós. Mas poderemos ser úteis, uns aos outros, se trabalharmos juntos”, disse o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.
RECOMENDAÇÕES
Dentro das recomendações aos governos, os empresários dos cinco países defendem a aceleração da criação do Banco de Desenvolvimento do Brics para promover e facilitar o comércio, negócios e investimentos. Na semana passada, a informação foi confirmada pelo embaixador Flávio Soares Damico, do Ministério das Relações Exteriores (MRE), com recursos de US$ 50 bilhões, além de um fundo de autoajuda, com mais US$ 100 bi. Os empresários também entendem que é necessário facilitar a emissão de vistos para viajantes a negócios, reduzir barreiras não tarifárias (como restrições técnicas e fitossanitárias) e eliminar obstáculos ao comércio, além do engajamento dos chefes de Estado para solucionar problemas relacionados com políticas de comércio entre o Brics, como dumping e subsídios.
Entre as propostas empresariais, aparece, ainda, o aumento das transações em moeda local, com a infraestrutura financeira, sistema de liquidação e o envolvimento dos bancos centrais para reduzir o uso de moeda fora do grupo nas transações comerciais e de investimentos do Brics. Por fim, os empresários defendem a eliminação de subsídios à exportação na agricultura. Outro interesse estratégico é o máximo aproveitamento do caráter complementar das cinco economias, com o objetivo de acelerar o crescimento econômico de todas elas.
O BRASIL
O comércio entre o Brasil e os demais países do Brics cresce de maneira significativa, principalmente pela participação da China. Em 2013, a corrente de comércio brasileira com as demais economias do grupo foi de US$ 101 bilhões, representando 21% da corrente de comércio brasileira com o mundo. Em 2008, esse percentual era de 14%. No ano passado, o Brics foi o segundo bloco mais importante para as nossas exportações, atrás apenas dos países da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi).
No entanto, do total, US$ 84 bilhões foram negócios com a China, o que torna a pauta brasileira com o Brics concentrada em poucos produtos primários. Mais de 70% das exportações nacionais para aqueles países são de soja, minério de ferro e óleo combustível bruto. O inverso ocorre com as importações. Cerca de 95% da pauta de importações do Brasil é de produtos manufaturados. A CNI entende que uma maior aproximação do Brasil com o Brics deve agregar valor às vendas externas do País. Reduzir o “Custo Brasil” também é uma forma de aumentar a competitividade de nossos produtos no mercado internacional.
INTERESSES
Em todos os países em que o Brics se manifestou em favor da consolidação do papel central da Organização das Nações Unidas (ONU) e de seu conselho de segurança no sistema mundial, foi fiel aos princípios do direito internacional. Um dos interesses estratégicos, segundo o embaixador russo Sergey Akopov – que participou de um seminário, em Fortaleza, preparativo para o evento ­–, a VI Cúpula deverá ter um impacto importante na política internacional. “O Brics é uma aliança dos reformadores do sistema financeiro e monetário internacional, focada em nossas economias e nos países que ocupam lugar nesse sistema”.
O embaixador Ashok Tomar, da Índia, ressaltou a importância do Brics, que é um grupo único, com desafios, oportunidades e responsabilidades comuns, em meio a uma série de divergências que existem mundo afora.  “Ele surgiu como um valioso fórum para consulta, cooperação em questões globais, que ajudam a promover a confiança e compreensão mútuas, e também tem facilitado a evolução de posições convergentes do Brics a muitas questões, como as reformas de instituições de liderança global, com apoio a uma ordem mundial democrática, em particular, a Organização Mundial do Comércio (OMC)”, destacou.
SEGURANÇA
O Ministério Público do Estado do Ceará, através do Grupo Especial para Acompanhamento de Manifestações Sociais, vai acompanhar os possíveis protestos que venham a ocorrer durante a VI Cúpula do Brics. O grupo do MP terá, entre os principais objetivos, prevenir, acompanhar e solucionar problemas em manifestações de rua. Serão 17 promotores de Justiça de diversas áreas de atuação, tais como controle externo da atividade policial; criminal; infância e juventude; e patrimônio público. O coordenador do grupo, Humberto Ibiapina, explica que os membros do MP serão designados para participar das mediações; observar as ações dos policiais militares e dos manifestantes no próprio local; e atuar no Centro de Gerenciamento de Crises, na Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

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