Bilhete do Francis Vale

Macário,

O cidadão cujo resumo biográfico vai abaixo é ,na minha modesta opinião, um dos cearenses mais ilustres de todos os tempos. Os historiadores cearenses ( (com exceção de João Brígido e Guilherme Studart) fizeram pouco caso de sua história. Talvez porque sua atuação foi no Pará. No próximo dia 06 ocorre o Segundo Centenário de seu nascimento. No Pará, faz-se pouco caso dele. Talvez porque fosse cearense. Vale a pena dar uma olhada no que consta dele na Wikipédia. É pouco ainda.
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EDUARDO FRANCISCO NOGUEIRA nasceu em Aracati(CE), a 06 de julho de 1814.
Fugindo da seca de 1825, sua família migra para a Amazônia, indo trabalhar nas terras de Félix Clemente Malcher ( primeiro presidente cabano),em Acará(PA), onde Eduardo aproxima-se do Cônego Batista Campos( principal líder na luta pela Independência no Pará).
Ainda garoto, destaca-se nas brigas de rua entre os "da Campina" ( os pobres) e os "da Cidade" ( os ricos), de onde lhe veio o apelido de Angelim( madeira forte da Amazônia) e de seu irmão, Geraldo, o Gavião. Assim, os irmãos Nogueira passaram a ser respeitados pela valentia.
Aos 17 anos já estava na luta, junto a Batista Campos. Quando os cabanos tomam o Poder pela primeira vez, em 07 de janeiro de 1835, Batista já havia falecido,mas Angelim continua na luta junto aos irmãos Vinagre ( Francisco, Antônio e Raimundo).
Na terceira investida, em agosto de 1935, os cabanos eram liderados por Antônio Vinagre, que morre em combate. Com a morte do comandante, a tropa começa a dispersar. Angelim assume o comando,reorganiza suas forças e, após nove dias de fogo cerrado, entra vitorioso em Belém à frente de milhares de combatentes. A partir daí é aclamado Presidente da Província do Grão Pará ( que corresponde ao que é hoje a Amazônia Legal), a maior província do país, à época.
O fato mais importante de seu Governo foi a recusa a uma proposta dos ingleses que queriam que ele proclamasse a independência do Grão Pará e se tornasse seu Imperador. Garantiram-lhe imediato reconhecimento e apoio em armas, munições e mantimentos. Angelim, respondeu diplomaticamente que o título de que mais se orgulhava era o de "brasileiro" e que, separando o Grão Pará, perderia esse título. A resposta foi irônica. Ele percebeu que os ingleses queriam engoli-lo depois.
Em maio de 1936, tropas integradas por cinco mil homens do Governo Central ameaçam bombardear Belém e esmagar os cabanos. Após um período de negociação, a 13 de maio, os cabanos abandonam Belém, e refugiam-se no interior, onde Angelim é preso e enviado para o Rio de Janeiro, onde se envolve com novas atividades políticas e é novamente preso e enviado para Fernando de Noronha. De volta a Belém, afasta-se da política, cuida de seus negócios e escreve um livro ( Memórias Históricas) que desapareceu após sua morte em 20 de julho de 1882, em Barcarena(PA).
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Estou escrevendo isso de memória, fazendo um resumo do que li a respeito. Tem muito mais história.
Penso que ele deve ser lembrado pra informar ao povo de Aracati e do Ceará, sobre um dos conterrâneos mais ilustres do passado.

Um abraço do
Francis

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