Bicicleteando pela aí


Ciclistas querem adotar praça em Fortaleza

A exemplo do que já ocorre em São Paulo, Curitiba e Vitória, ciclistas de Fortaleza querem adotar uma praça que possa ser revitalizada pelo grupo, e, posteriormente, devolvida à população, sendo reocupada, principalmente, por aqueles que fazem da bicicleta o meio mais utilizado para deslocamento na cidade. A ideia surgiu em discussões da Associação dos Ciclistas Urbanos de Fortaleza (Ciclovida), que reúne cerca de 200 integrantes. O grupo já visitou cinco logradouros públicos, que, de acordo com eles, estão subutilizados e, ainda esse mês devem definir qual será a praça adotada.
Ocupar um espaço abandonado e poder devolvê-lo à cidade. Para o advogado e diretor-presidente da Ciclovida, Celso Sakuraba, é o objetivo dos ciclistas que se dispõem a adotar um local público. “Queremos combinar a revitalização de uma praça com a divulgação da bicicleta como meio de transporte. É uma troca. Beneficiamos o espaço e, ao mesmo tempo, usufruirmos dele que é público”, completou. 
De acordo com ele, a adoção do logradouro ajudará a centralizar as atividades relacionadas ao uso de modais não motorizados em Fortaleza. “Temos várias atividades relacionadas ao tema e queremos concentrá-las na praça escolhida”, explicou. No primeiro final de semana de julho, os ciclistas visitaram cinco praças para analisar qual a situação dos locais e ver quais adequam-se à proposta do grupo.
POSSÍVEIS LOCAIS
Na ocasião, foram visitadas uma praça na Rua Joaquim Sá com Rua Adolfo Pinheiro; conhecida como Praça da Coelce; a praça situada em frente ao Colégio Militar na Av. Santos Dumont, a  Praça da Argentina, próxima a Av. Treze de Maio, no Bairro de Fátima; a Praça da Professora, na Av. Aguanambi; e a Praça situada em frente à Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania (AMC), também na Av. Aguanambi. 
A última praça visitada foi a que mais agradou ao grupo, porque, segundo Celso, é a que mais se adequa aos critérios definidos pelos ciclistas. De acordo com ele, a adoção do local pressupõe que o mesmo careça de revitalização, seja acessível para quem utiliza transporte público e bicicleta e que seja um local razoavelmente pequeno, para que o grupo, que não tem ajuda financeira, possa custear a manutenção.
Conforme Celso, a praça localizada em frente à AMC, além de preencher esses quesitos também é simbólica. “Chama atenção ocuparmos um equipamento localizado em frente à AMC que é um dos órgãos mais carrocratas da Prefeitura de Fortaleza. A AMC que tem um trabalho focado no veículo motorizado individual e não fiscaliza e não multa a conduta de desrespeito aos ciclistas, como a obrigatoriedade de o condutor manter a distância de 1,5m do ciclista, prevista no Código de Trânsito”, defendeu. 
A decisão quanto ao local, segundo Celso, deverá sair essa semana, em uma reunião da Ciclovida. Ele disse ainda que o grupo não pretende aderir formalmente ao Programa de Adoção de Praça da Prefeitura (vide box), pois considera que o mesmo é voltado mais para empresas que têm interesse econômico. “Vemos praças sendo adotadas por construtoras. Nossa inciativa não quer ter nenhum ganho econômico. Eu tenho elogios ao Programa, mas acho que ele é destinado a construtoras, empreiteiras e acaba sendo restritivo à sociedade civil. Não queremos ficar restrito ao que ele propõe”, completou.
RESPOSTA DA AMC
Em resposta à declaração de Celso sobre a AMC, a pasta informou, através de nota, que “a Prefeitura tem investido na ampliação de mobilidade segura aos ciclistas. Em atendimento à própria solicitação destes, foram implantadas ciclofaixas nas ruas Ana Bilhar e Canuto de Aguiar, além do binário das avenidas Santos Dumont e Dom Luis a fim de, também, contemplar espaços para ciclistas”.
A pasta alegou ainda que a atual gestão desenvolve um Plano Diretor Cicloviário, cujo resultado será a implantação de novas ciclofaixas e ciclorrotas. E destacou que o Plano de Ações Imediatas em Transporte e Trânsito (Paitt) “busca incentivar o transporte não motorizado através de um sistema de bicicletas compartilhadas”. Para finalizar, a AMC informou que “a fiscalização existe e os agentes estão orientados a autuar os veículos que desrespeitarem toda e qualquer lei de trânsito”.
OUTRAS PRAÇAS DO CICLISTA
São Paulo
Espaço localizado no canteiro central da Avenida Paulista, em São Paulo, localizado entre as ruas Bela Cintra e Consolação. Desde 2002, o local é ponto de encontro dos participantes da Bicicletada. Seu nome foi oficializado em 2007, através da Lei Municipal 14.530.
Curitiba
Na Capital do Paraná, em maio deste ano, um grupo de voluntários mobilizou-se para transformar um espaço ocioso, que pertence ao poder público, em uma Praça do Ciclista. O logradouro fica localizado na esquina das ruas São Francisco e Presidente Faria, no Centro de Curitiba.
Vitória
Uma praça centenária, batizada anteriormente como Praça do Cauê, em agosto de 2013, foi adotada pelo Movimento de Ciclistas Urbanos. Ela estava “ameaçada” por uma intervenção da Prefeitura, que deveria readequá-la quando foi acolhida pelos ciclistas.

THATIANY NASCIMENTO
thatynascimento@oestadoce.com.br

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