Sobral no Estadão (II)

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Escola vai buscar aluno em casa se ele não aparecer na aula

Derrubar evasão escolar foi uma das principais metas; pais foram envolvidos no novo modelo de ensino

Bárbara Bretanha - Especial para o Estado
SOBRAL - Fortalecimento da gestão escolar, da ação pedagógica e a valorização do magistério - que se traduziu em programas de capacitação e política de bônus salarial - são os principais eixos do programa educacional de Sobral, no Ceará. As escolas receberam maior autonomia administrativa, financeira e pedagógica. Podem até mesmo firmar contratos temporários, sem passar pela prefeitura.
O importante é prestar contas e alcançar a principal meta: alfabetizar 100% das crianças até os 7 anos.
Para isso, uma das batalhas foi derrubar a taxa de evasão escolar. Hoje, quando um aluno não aparece em aula, não é raro ver um funcionário administrativo sair de moto para buscá-lo em casa, se necessário. Antes, porém, a escola liga para os pais a fim de averiguar o que aconteceu, e repassar o conteúdo ensinado no dia pelos professores. A taxa de abandono do ensino fundamental de Sobral era de 9,94% em 2000. Há dois anos, esse índice foi zerado.
"Hoje, é raro ver um aluno faltar exceto em casos de doença", diz a professora Lidiane Rodrigues dos Santos, que leciona na 5ª série da Escola José Ermírio de Moraes. "Foi necessário um esforço conjunto, de funcionários administrativos e professores, de envolver os alunos e as famílias nesse novo processo, o que gerou um elo mais forte." Lidiane está na escola desde 2009, e pôde acompanhar as mudanças de perto. "O desejo de ver o aluno entrar na sala e sair com o conteúdo aprendido entre os professores aumentou", afirma. "E acho que também existe um desejo maior do que antes de os alunos aprenderem."
Esse novo ânimo foi despertado com uma política apoio e valorização dos docentes. Os professores passaram a ser contratados por processos seletivos e concursos - e não mais por indicação política. Foi implantado programa de capacitação. Todos os professores se reúnem mensalmente na Escola de Formação da cidade para discutir o material e aprender como melhor desenvolver o plano de aula. Além de trocar experiências, o corpo docente conta com monitores que auxiliam no desenvolvimento de atividades lúdicas para a sala de aula.
Faz parte do pacote o incentivo salarial mensal com base no desempenho de sua turma nas avaliações. Já o Prêmio Escola Alfabetizadora recompensa os docentes das escolas com melhores índices de alfabetização com outro bônus.
Material personalizado. O projeto tem novo material didático de apoio para alunos e professores. Cada série teve o material elaborado com base nas idades dos alunos e nas dificuldades que encontravam.
Fora as avaliações estaduais e federais, os estudantes passam também por testes (em junho e novembro), realizados por equipe da secretaria de Educação da cidade. O objetivo é encontrar defasagens e, a partir dos dados coletados, montar um plano de ação com a escola. Funcionários da secretaria ainda aparecem quinzenalmente para cobrar as metas, discutir resultados com os gestores e averiguar se a escola está seguindo o plano.

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