Pelos 54 anos de Brasilia


BRASÍLIA GENEROSA
Brasília nasceu generosa.
Generosa com quem aqui chegou antes mesmo de existir brasilienses.
Generosamente terra das oportunidades.
Não exagero!
Brasília foi generosa com quem veio a cavalo, caminhão, avião, a pé
Para fincar a Estaca Zero.
Brasília tem generosidade camaleoa. Noite e dia.
Com ou sem censura, Brasília foi generosa com a ditadura e com a Democracia.
Generosa com os partidos e partidários.
Com os honestos e salafrários.
Brasília é generosíssima com quem explora seu espaço sagrado:
construtores, invasores, corretores e especuladores.
Brasília acolhe cineastas, fotógrafos e cinegrafistas.
É generosa em megapixel.
Vindo de onde vier, Brasília seduz pelo céu.
E se entrega escandalosamente em luz, sua matéria prima:
paisagem em azul – mar de cabeça prá cima.
Brasília é generosa com artistas, repentistas e desportistas.
Com a diversidade e com a arte por toda parte.
Brasília hospeda generosamente todas as diplomacias, credos e famílias.
Brasília é generosíssima com servidores públicos e privados.
Com os bem e os mal amados.
Para jornalistas, Brasília é generosa vedete.
Os fatos são eloquentes,
as informações são fartas, com ou sem cassetete,
Tem sempre notícia para salvar a manchete.
Brasília é generosa com escritores e com o arquiteto
Com os poetas do concreto e do afeto.
Generosa com os humildes e os sem-destino,
Com o ateu e o divino.
Também é generosa com quem busca seu endereço
Para ter poder a qualquer preço.
Brasília só quer justiça
Com os que fazem da força
Um jogo de barganha, ganância e cobiça.
Brasília é, sobretudo, generosa com os governantes.
Com os amantes e os flutuantes.
Com os bélicos e angélicos.
Generosa com aventureiros, grileiros, trapaceiros e curandeiros.
Generosa com os místicos, políticos, causídicos e com tantos críticos.
Brasília é generosa com as cores, os sabores e os beija-flores.
Brasília é generosa com quem ganhou e com quem perdeu...
Com quem busca um chão para chamar de seu
E até com aquele que cospe no prato que comeu.
Oh! Deus, até quando vai durar tanta generosidade?
Brasília é um sorriso, um abraço e um olhar
À espera de reciprocidade.

Silvestre Gorgulho (É jornalista)

Nenhum comentário:

Postar um comentário