Noel
Não
o de Medeiros Rosa (1910-1937), famoso sambista da Vila Isabel, no Rio de
Janeiro. Cursou medicina por dois anos, mas a boemia não lhe permitiu
graduar-se. Ao morrer, por tuberculose pulmonar, aos 27 anos, havia composto
mais de 300 músicas, hoje indelevelmente incorporadas ao cancioneiro nacional.
Segundo seus devotos nenhuma de suas letras tem índole natalina. Abordaremos
novamente o Natal (“Noel” em francês), como também aqui em 09/XII/2009 e
05/XII/2012. Tão cristã efeméride costuma deixar-me triste, lembrando os meus
que já se despediram. Mas não pranteemos quem Deus nos deu por empréstimo, e
agora reclama de volta. Apassiv(adoremos o Deus Menino nascituro. Tampouco o
Natal inspira-me a poetar (ou “bilaquear”, como escreveu Horácio Didimo, In “Afinador de Palavras”,
Imprece, Fortaleza, 2013). Contudo, há algum tempo cometi um poemeto, seco, com
ramos de graciliano, terminando assim: “o natal no nordeste é o ano todo/tem
sempre um menino nascendo/ com promessa de essa, sempre/ um brasil linheiro,
outro torto/ um paralítico um político/ um eco oco” Que tal? João cabralino, né?
Nestes tempos dezembrinos também ocorre-me aquele comovente conto dos magos (em
alusão àqueles três reis, Baltazar, Gaspar e Melquor), do norte-americano O.
Henry, ou William Sydney Porter (1862-1910). É a história de um casal pobre, Della
e seu marido Jim. Ele possuía um relógio de ouro, herança do avô e do pai; ela
ostentava vaidosamente longo, lustroso cabelo até quase os joelhos. Apaixonados,
na véspera do Natal, excitados por esse espírito, ansiavam por presentearem-se.
Jim vendeu o relógio para comprar-lhe, em rico estojo de couro e veludo, um
conjunto de pentes refinados, e Della vendera as madeixas para surpreende-lo
com uma corrente de platina para seu apreciado relógio. Assim, mesmo
desapercebidos (não possuidores) de mais dinheiro, demonstraram nessa época o
valor do seu amor. Tamanha prova de afeição, benquerença parecida envolve este
ano nossas bodas de ouro como médico de 1963 da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Ceará. À nossa turma aqui nos referimos em 10/XII/2008.
Os colegas Drs. Elisa Gouveia, Helena Pintobeira, Ormando Campos, Iris e Murilo
Amaral, Antonio Rangel e Josué de Castro (Comissão Organizadora) resolveram
dessa feita, inovar nas comemorações. No dia 14 vindouro, na sede do Hemoce,
celebraremos não apenas um aniversário a mais da turma inicial, em 1958 com 53
alunos. Daqueles, 12 homens já foram convocados como plantonistas do Reino de
Deus, mas todos serão evocados incluindo simbolicamente, os > 14.000 colegas
formados no Ceará, em louvação do que fizeram e fazem pela Medicina cearense,
brasileira, e até d’além mar. Deles todos nos orgulhamos. Todos abraçaremos.
Esta meia centúria quedará na mente dos que restamos, Regozijemo-nos, pois. O
Senhor esteja conosco. Feliz Natal, ou como se diz em França “Joyeux Noel”.
Pedro
Henrique Saraiva Leão
Médico.
Secretário Geral da Academia Cearense de Letras
Nenhum comentário:
Postar um comentário