Operação liberta 96 escravos no Ceará

Uma operação conduzida em conjunto pelo Grupo de Fiscalização Rural da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Estado do Ceará (SRTE/CE), pelo Ministério Público do Trabalho e pela Polícia Rodoviária Federal em duas fazendas localizadas em Barroquinha e Granja (respectivamente, a cerca de 420 e 300 quilômetros de Fortaleza) libertou 96 trabalhadores em situação de trabalho análogo a escravo em razão das condições degradantes a que estavam submetidos.
A operação foi encerrada ontem, com o pagamento das verbas rescisórias dos trabalhadores e a emissão dos autos de infração correspondentes às infrações constatadas. Todos os trabalhadores resgatados receberão três parcelas de seguro-desemprego especial em razão das condições a que estavam submetidos, independentemente do tempo em que estavam trabalhando nas propriedades.
Os trabalhadores estavam instalados em alojamentos muito precários, e devido às péssimas condições dos mesmos, muitos trabalhadores preferiam dormir ao relento sob cajueiros, a ter que se submeterem às péssimas condições de conforto e higiene dos alojamentos. Aos trabalhadores não era disponibilizada água potável, nem instalações sanitárias e elétricas, os alimentos eram armazenados de forma inadequada, dentre outras graves irregularidades. Os trabalhadores desenvolviam atividades relacionadas à produção do pó da carnaúba, que iam do corte da palha à produção do pó. Não foi fornecido aos trabalhadores nenhum Equipamento de Proteção Individual – EPI e as CTPS não haviam sido anotadas, nem realizados exames médicos admissionais antes de iniciar as atividades laborais. Os trabalhadores recebiam em sistemas de diárias, o que lhes acarretava prejuízos ao final do mês, uma vez que o empregador não pagava o descanso semanal remunerado.
Durante a inspeção, os trabalhadores relataram que bebiam água sem qualquer processo de filtragem, usavam copos coletivos e o café da manhã era basicamente café preto. A alimentação era produzida em trempes improvisadas de tijolos e em latas de querosene reutilizadas e constituía-se basicamente de arroz com feijão no almoço e no jantar, sem nenhum complemento de verduras ou proteínas.

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