Genoino sai do jogo pra não ser cassado


Na Câmara, Genoino renuncia e José Guimarães sai em defesa do irmão
O ex-deputado José Genoino (PT/SP), condenado pelo Supremo Tribunal Federal no caso do mensalão,  apresentou à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados a carta renúncia de seu mandato parlamentar. A comunicação foi feita pelo 1º vice-presidente da Casa, André Vargas (PT/PR), durante reunião da Mesa, um pouco antes da decisão final sobre a abertura ou não de processo de cassação de seu mandato.
Genoino é irmão do deputado federal cearense, José Nobre Guimarães (PT). Após o pedido de renúncia, o líder do Partido dos Trabalhadores ocupou a tribuna da Casa e saiu em defesa do irmão. Segundo ele, “assim como fizemos com o Jango [ex-presidente João Goulart], talvez um dia possamos devolver o mandato do deputado Genoino”. Ele disse, ainda, que o ex-deputado merece respeito da bancada petista. O parlamentar finalizou o discurso agradecendo a Genoino pelo trabalho realizado no Parlamento, pelo PT e pelo Brasil.
O pedido oficial de renúncia foi apresentado quando o placar da votação na Mesa já era de 4 a 2 a favor da abertura do processo de cassação, segundo informações do 2º secretário da Mesa, deputado Simão Sessim (PP/RJ).
EM PLENÁRIO
A carta de renúncia foi lida no plenário da Câmara pelo deputado Amauri Teixeira (PT/BA) e a renúncia ao mandato deve ser publicada hoje no Diário Oficial, abrindo caminho para a posse definitiva do suplente Renato Simões. Segundo o diretor-geral da Casa, Sérgio Sampaio, ainda está analisando sobre a possível aposentadoria ou não do agora ex-deputado.
Durante a sessão, o presidente da Casa, deputado Henrique Alves (PMDB), criticou o modo como a prisão do ex-deputado ocorreu, no último dia 15 de novembro, e reclamou, inclusive, da demora na comunicação do fato à Câmara Federal.
INOCÊNCIA
Em comunicado de renúncia, José Genoino reafirmou sua inocência no caso do mensalão, pelo qual foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a seis anos e 11 meses de prisão em regime semiaberto. “Com história de mais de 45 anos de luta na defesa intransigente do povo brasileiro e da democracia, darei uma breve pausa nessa luta, que representa o início de uma nova batalha dentre tantas outras que já enfrentei”, afirmou.
O ex-deputado, que, no momento, cumpre pena domiciliar devido a seu estado de saúde, destacou que, “entre a humilhação e a ilegalidade”, prefere o risco da luta. Ressaltou, ainda, que não acumulou patrimônio e riqueza, agradecendo a confiança que seus eleitores depositaram nele. Ele criticou, também, a transformação de seu processo de cassação em espetáculo.
Entenda o caso
A Câmara foi comunicada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da prisão de condenados no processo do mensalão e a perda dos direitos políticos por sentença criminal transitada em julgado no último dia 19.
A partir da comunicação, o presidente da Câmara, deputado Henrique Alves (PMDB), propôs à Mesa Diretora a abertura do processo contra Genoino, que seria seguida de encaminhamento à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania para análise técnica e abertura de prazo para defesa do parlamentar (por cinco sessões). A decisão final sobre a cassação caberia ao Plenário.
Genoino entrou com o pedido de aposentadoria na Câmara em setembro. Na semana passada, o deputado, que está preso desde o dia 15 de novembro, condenado pelo STF no caso mensalão, passou mal e foi internado no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal. Após ter sido descartada a hipótese de infarto, o parlamentar foi colocado em prisão domiciliar.

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