A maconha uruguaia

Para Mujica, regulação da maconha se respalda em "tradição" uruguaia

Em entrevista ao "TV Folha" deste domingo, o presidente uruguaio, José Mujica, fala sobre a legalização da maconha no país: "Vamos regular um mercado que já existe. Não podemos fechar os olhos para isso. A via repressiva fracassou". O mandatário é responsável por transformar o Uruguai no primeiro país a regulamentar produção e venda da maconha, algo inédito no mundo.
"Por que plantar? Pela tradição que tem o Uruguai. O país foi o primeiro a reconhecer a prostituição na América Latina e a organizou", diz o ex-guerrilheiro que, além da nova medida, já aprovou o casamento gay e legalizou o aborto.
País de tradição liberal, onde fumar maconha não é crime (ao contrário do Brasil), o Uruguai começou a discutir a regulação da droga há pelo menos dez anos.
Aos enviados especiais Lucas Ferraz e Félix Lima, que visitaram a chácara em que Mujica vive, na zona rural de Rincón del Cerro, o presidente ressalta que o Uruguai vai regulamentar, e não legalizar a maconha. A venda será controlada pelo Estado.
Baseado ele afirma que nunca fumou. "Não defendo a maconha, gostaria que ela não existisse."
Na entrevista a seguir, Mujica também garante que o país não se transformará na terra do "fumo livre".
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Já aprovado na Câmara, o projeto de lei que regulamenta a droga permite ainda que os usuários, mediante licença, plantem a erva em casa.
De acordo com o governo, se quiserem sair da clandestinidade, os cerca de 200 mil usuários de maconha no país deverão se cadastrar para ter acesso limitado à droga.
A votação do projeto pode ser concluída nesta semana pelo Senado, último estágio antes da sanção presidencial. Na prática, a experiência começará no ano que vem.
Ainda será preciso regulamentar a medida, estabelecendo limite de cigarros que podem ser comprados --um número citado é 40 por mês.
A prerrogativa será restrita a uruguaios e residentes no país, uma forma de inibir o turismo da droga.
Como o governo Mujica tem maioria no Senado, espera-se que o projeto seja aprovado com folga.

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