A dor de um aviador "retirado"

Apesar de ter tido uma vida profissional como piloto de aeronaves razoavel, seis mil horas "montado" em avioes de todos os tipos e tipos, sempre tive a certeza de que nao morreria voando. Nao sei explicar como tinha essa certeza, mas acreditava e ainda acredito nisso. 

Desde o inicio da carreira em escolas de pilotagem, a fase de instrutor e em seguida os cargos de comandante de aeronaves, ocorreram situacoes de perigos eminentes. Nao aconteceram acidentes, mas nao me livrei dos incidentes. Quebras de motores, pane seca, literalmente sem combustivel a 13.000 pes carregado de malas postais, pousos e decolagens em pistas minusculas transportando oleo diesel nos garimpos da Para e ate ser atropelado por um urubu, tudo aconteceu de forma natural e sem avisos e alarmes.  Tentar explicar as fracoes de segundo que me fizeram pensar, repensar e agir de forma correta eh impossivel.

Defendo a tese de que, uma sequencia de acontecimentos te leva ao momento crucial e a partir dai, a saida depende de muitos fatores. A primordial eh a tua preparacao e uma sequencia de acoes e principalmente decisoes que evitam o pior, no caso, a tragedia.

Quando vejo noticias de acidentes aereos como o de hoje em Teresina, confesso que fico abalado e buscando uma explicacao que possa amenizar a dor de quatro familias que nesse momento buscam por isso. Quatro jovens que poderiam ser meus filhos, deseparecem de forma brutal fazendo aquilo que sonhavam para suas vidas. Nao vou fazer analise tecnica do que aconteceu, apesar de saber com quase 100% de certeza o que se passou com aqueles garotos.

Porque acontecem? So posso garantir que eh uma sequencia de erros e que chega um determinado momento que a fatalidade eh inevitavel. Lamento muito as perdas prematuras e o sonho de voar interrompido.



Comandante Genario Peixoto Lins Junior
Codigo ANAC 528752
Comercial Pilot 8420

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