Quando uma companhia atrapalha um pedaço de vida

Li no eliomar.com.br

Em artigo no O POVO deste sábado (9), o médico, antropólogo e professor universitário Antônio Mourão Cavalcante diz que o governo Roberto Cláudio está “perdido diante dos acontecimentos”. Confira:
A atual administração municipal caminha para o primeiro ano do mandato. Muitas reflexões devem ser feitas. A administração pública não pode se furtar a uma avaliação mais ampla. Já é possível entender os mecanismos básicos do período.
Na fase inicial, falou-se muito em herança maldita. Qualquer erro ou deslize encontrado era logo atribuído à turma anterior. A culpa era da Loura… Mas, chegou um momento que não dava mais para repetir o refrão. E, o que se viu foi um governo meio tonto. Perdido diante dos acontecimentos. Deu a impressão que a equipe de Roberto Cláudio não estava preparada ou que dimensionou de forma equivocada o que os aguardava. Foi a etapa do “o piloto sumiu!”. Ninguém sabe a quem recorrer, parecendo existir muitos caciques e poucos índios.
Com muita demora e muita indecisão, a máquina começou a patinar. Mas, sem responder às crescentes demandas. O sistema de saúde tornou-se o ícone maior desse samba do crioulo doido. Nada funciona direito. Este caos pode ser verificado também na mobilidade social. O transito de Fortaleza parou.
Com estas digressões, estou quase chovendo no molhado. Estas evidências marcam nosso quotidiano. Qualquer um pode assinalar tantos outros exemplos, semelhantes ao que estamos denunciando.
Entretanto, o mais grave, o que precisa ser realmente destacado é que a administração atual mudou totalmente a agenda de prioridades e preocupações da cidade. A pobreza saiu da pauta. Não se fala mais em Vila Velha, Genibaú, Vila do Mar, dos Cucas da Barra e de São Cristovão. O Hospital da Mulher está em estado de coma. Ainda funciona? Para a administração municipal existe apenas o bairro do Meireles, o Cocó, Papicu e o Iguatemi. Viadutos e acquário resplandecentes. Pontes estaiadas.
Os bairros mais afastados – chamada periferia – os programas habitacionais, o saneamento básico, tudo isso saiu das páginas dos jornais e das imagens da televisão. Pobre agora, só aparece em programa policial e no papel de bandido.
Não precisa dizer que aconteceu uma virada ideológica na administração. Seria enfadonho mencionar outros tantos desvios acontecidos. Os programas sociais, a assistência social – tipo os CAPS – foram deixados de lado. A máquina agora é apenas um apêndice de construtoras e o empenho voltado somente a obras de resultados sociais questionáveis.

Penso eu - Aquele Mourão querido, lógico, prático, igual acabou influenciado pelas companhias de sua ultima campanha política. Aprendeu a ser amargo uma vez derrotado. Nem por isso vou deixar de admira-lo pelo belo ser humano e grande profissional que é.

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