Opinião


Carlos Chagas
Presos sim, mas algemas, não
Condenados, eles tinham que ser. Presos também, como conseqüência. Não há quem discuta a evidência da punição dos mensaleiros, em especial por tratar-se de gente antes influente, poderosa e arrogante. Como criminosos, precisam ser submetidos à lei e à Justiça.
Agora, algemados, não. De jeito nenhum. Muito menos proibidos de falar entre eles, nos vôos até Brasília. Sequer tendo cada um a seu lado um agente da Polícia Federal. Essas precauções tomam-se diante de homicidas, traficantes e autores de crimes violentos.
Acresce haver o presidente Joaquim Barbosa, nos mandatos de prisão, haver enfatizado a necessidade de os presos serem tratados com urbanidade. Sem constrangimentos físicos.
Estaria a Polícia Federal imaginando que os nove presos conduzidos de Belo Horizonte para Brasília dispunham de diabólico plano para seqüestrar a aeronave e conduzi-la a Cuba ou o México? Ou que se lançariam num ajuste de contas entre eles, agredindo-se? Para evitar essas ações imaginárias, bastaria o número de policiais misturados aos condenados.
Mais do que humilhar, as algemas significam abuso de poder, quando não justificadas pela virulência dos algemados. Entre as múltiplas leis que não pegaram, no Brasil, está a que proíbe as algemas. Será que não se aplica às atividades da Polícia Federal?
O país inteiro aplaudiu as condenações e as prisões. Quantos brasileiros, porém, indignaram-se ao saber que os mensaleiros viajaram algemados? Não havia jovens, entre eles. Muitos, com mais de sessenta anos, submetidos à ingestão de remédios variados, para controlar a pressão, a diabetes e outras exigências. Pois não é que pelo menos até a noite de domingo, os remédios estavam proibidos?
Convenhamos, será que as autoridades querem levar a opinião pública a solidarizar-se com os reclamos dos criminosos, pelos maus tratos que vem recebendo?
Do Diário do POder

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