Onde mais se mata em Fortaleza. Agora todo mundo sabe


23 bairros concentram 50% dos homicídios
Um ano com 1.625 assassinatos registrados em Fortaleza. Em 2012, foi esta a realidade da Capital. Apesar do expressivo número, os homicídios concentram-se em determinados territórios. Dos 119 bairros, 23 contabilizaram 50% das mortes, com 812 ocorrências. Barra do Ceará, Jangurussu, Bom Jardim, Mondubim e Conjunto Palmeiras ocupam as primeiras posições no ranking negativo. A distribuição geográfica dos homicídios na Capital foi mensurada em uma pesquisa do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), divulgada ontem.
Messejana, Barroso, Pirambu, Genibaú, Quintino Cunha, Passaré, Vicente Pinzon, Granja Lisboa, Jardim das Oliveiras, Siqueira, Vila Velha, Centro, Planalto Ayrton Senna, Jardim Iracema, Granja Portugal, Prefeito José Walter, Bonsucesso e Praia do Futuro integram o aglomerado de bairros, cujo território foi palco de metade dos assassinatos cometidos em Fortaleza, no ano passado. O levantamento aponta, ainda, que 73% dos assassinatos ocorreram em 40 bairros.
A lista reitera o resultado da pesquisa, que apontou que os bairros mais violentos estão localizados nas Regionais I, V e VI. Conforme o documento, estas áreas têm ampla densidade de jovens de 11 a 29 anos, amplos níveis de pobreza, menores taxas de alfabetização e menores valores médios de renda domiciliar per capita. Para o Ipece, isto demonstra uma “substancial concentração deste tipo de delito”, que, para serem reduzidos, devem ser analisados espacialmente e não somente pelos fatores causadores.

PROPOSTAS
A pesquisa conclui que, como sugestão de políticas públicas, “além da busca de maior efetividade do aparato policial como forma de atenuar esses índices no curto prazo, é fundamental introduzir ações que valorizem os espaços urbanos da Cidade, especialmente nessas localidades mais críticas”.
Como proposta, o levantamento aponta a melhoria dos equipamentos públicos como praças e parques, a oportunidade de estímulos de novos negócios a partir de incentivos fiscais e financeiros, ampliação de políticas para os jovens e escolas públicas em tempo integral e profissionalizantes.

DESIGUALDADE SOCIAL
O coordenador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC), César Barreira, ressaltou que é evidente que a violência está atrelada a desigualdade social. “Nestes bairros, nós vamos encontrar o tráfico de drogas e a circulação de armas de fogo, que são dois aspectos fundamentais para se entender o número de homicídios, mas não é só isso”, comentou.
De acordo com ele, a falta de acesso aos serviços urbanos e públicos, a baixa escolaridade e a baixa renda, “geram um círculo vicioso, um descaso com estas pessoas e isso faz com que o ambiente fique propício para atividades ilícitas”, completou.

USO DE ESTATÍSTICAS
Procurada pelo Jornal O Estado, a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSPDS), comunicou através do relações públicas da Polícia Militar, tenente-coronel Albano, que a polícia potencializa as ações de policiamento ostensivo nestas áreas, justamente, através de estatísticas criminais, levando em conta a maior incidência de casos.

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