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O STF começará a julgar a tunga da banca, por Elio Gaspari

Elio Gaspari, O Globo
Só pode ter sido coisa de São Judas Tadeu, o padroeiro dos desesperados. Exatamente uma semana antes do início do julgamento das vítimas dos planos Bresser (1987) e Verão (1989), marcado para quarta-feira, o banco JP Morgan fez um acordo com o governo americano aceitando pagar US$ 13 bilhões aos clientes que lesou vendendo-lhes papéis tóxicos antes da quebradeira de 2007.
No caso do Morgan, quem pôs dinheiro lá sabia que corria algum risco. No caso das vítimas dos planos brasileiros, os poupadores que depositaram suas economias nas cadernetas tinham remuneração garantida pelo governo (correção monetária mais juros mensais de 0,5%).
A tunga deu-se quando o governo mexeu na correção monetária, baixando seu índice. Naquele tempo a inflação rodava a 42% ao mês. Repetindo: ao mês.


No exemplo mais cristalino, quem tinha mil cruzados (a moeda da época) na poupança em janeiro de 1987 perdeu 204 cruzados na remuneração de quinze dias de fevereiro de 1987. Tomou uma tunga que hoje está em R$ 880.
Há mais de 20 anos, dezenas de milhares de poupadores querem de volta o que perderam. A disputa do JP Morgan com suas vítimas durou sete anos. A dos poupadores brasileiros já dura 27, pois a banca disputa cada palmo na Justiça.
Na absoluta maioria dos casos, ela perdeu em primeira e segunda instâncias. No Superior Tribunal de Justiça, perdeu todas. Com exceção de José Antonio Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso, todos os ministros do STF já julgaram casos relacionados com esse avanço sobre o bolso alheio, e todos votaram contra a banca.
Com ótimos advogados, os bancos mostraram seu poder de persuasão. Durante o governo Lula, o Banco Central saiu de uma posição de neutralidade e hoje é aliado dos banqueiros no litígio.

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