Deve ser açougueira


“Eu tenho experiência em carne e osso”
Em passagem por Fortaleza, a pré-candidata à Presidência da República pelo Partido Popular Socialista (PPS) e ex-vereadora de São Paulo, Soninha Francine, conversou com a reportagem do jornal O Estado.Na entrevista, a ex-apresentadora da MTV avaliou o cenário político para as eleições de outubro de 2014, incluindo as bandeiras levantadas pelo partido e as possíveis alianças. Soninha Francine revelou os bastidores políticos e se disse “decepcionada” com o Partido dos Trabalhadores (PT). Na conversa, que durou mais de uma hora, Soninha ainda comentou sobre polêmicas, como a legalização da maconha e o aborto.
Jornal O Estado - O que você espera de 2014 e como você avalia que será o cenário político e eleitoral?
Soninha Francine - “Eu sou da oposição, faço parte de um grupo que desaprova o governo, que vê muito mais problemas do que realizações. Em relação aos três grandes candidatos, Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos com o apoio da Marina Silva, não tenho preferência. Se tivesse, não estaria discutindo a possibilidade de uma candidatura própria pelo PPS. Acredito que eles têm muita experiência, a minha não se compara à deles, mas a deles também não é como a minha. Eu fui vereadora, eu estava muito mais perto do chão. Eles podem dizer que a infraestrutura no Brasil vai mal, mas eles não pegam avião de carreira, se pegam, alguém vai na frente e resolve todos os problemas. Eles não pegam estrada no interior adentro para saber como é não ter acostamento. Muito menos andam de ônibus na cidade. Eu tenho a minha experiência em carne e osso”.
OE - O PPS do Ceará apoia o governador Cid Gomes. E, falando em apoio,os irmãos Cid Gomes e Ciro Gomes seriam bem vindos ao seu palanque?
S.F - “Não recusaria apoio, mas duvido muito que viesse. Nem no primeiro nem no segundo turno poderia imaginar o Cid do nosso lado. Ele mudou de partido para não deixar a base do governo, porque defende bravamente a reeleição da Dilma. Ele se surpreendeu com o fato de o PPS ser o tipo de partido que oferece apoio porque ‘simplesmente’ acha que um candidato é melhor que o outro. Isso é uma coisa que ressalta a pertinência de uma candidatura própria, porque os cenários nos estados são completamente diferentes um do outro. Há lugares onde a relação do PPS com o PSB, por exemplo, é ótima. Em outros casos, são oponentes ferozes”.
OE - Você não esconde o desencanto como o PT. Por que você decidiu deixar o partido?
S.F  - “Sai do PT no meu terceiro ano do mandato de vereadora, em 2007, porque a nossa conduta não tinha nada a ver com o que a gente defendia. A gente falava uma coisa e fazia outra. Coincidiu de eu ser vereadora na época que eclodiu o escândalo do Mensalão. Eu não sabia se tudo era verdade, e o partido ainda foi assumindo a defesa dessa conduta: ‘todo mundo faz’, ‘fulano faz pior’, falavam assim. Mas, antes disso, eu já estava sofrendo com o partido. A minha bancada na Câmara de Vereadores, em São Paulo, jogava no ‘quanto pior, melhor’. Vinha um projeto do prefeito, que a assessoria técnica da bancada considerava bom, quando a gente ia tomar a decisão politica, era assim: ‘o projeto é muito bom, então vamos derrubar da pauta, vamos votar contra e dizer para a sociedade que esse projeto aumenta o imposto’. E isso era mentira! A gente planejava na reunião de bancada como é que ia mentir! Isso foi me dando um desgosto, uma decepção...”
OE - Você tem opiniões bem definidas sobre temas polêmicos como a descriminalização da maconha e a legalização do aborto. Como você pretende tratar esses temas, caso seja candidata em 2014?
S.F  - “Não existe uma posição programática do partido a respeito desses pontos, mas muita gente da legenda tem a mesma opinião que eu. Em relação ao aborto, por mais que seja bem intencionada a legislação atual, o que acontece na prática é o contrário, você perde vidas. A criminalização não impede ninguém de fazer. Eu, por exemplo, já fiz. Eu creio que seria melhor para a sociedade que isso fosse dentro da legislação, não como uma liberação, mas sim para trazer para dentro da lei.
Sobre a maconha, acho que a lei tanto não dá resultado, como piora. Nunca ouvi ninguém dizendo: ‘eu queria fumar maconha, mas como é crime eu não vou’. Quem fuma, sabe onde vende, e quem vende é bandido. Não concordo em liberar o uso, mas deveria ser trazido para a legislação, com proibições, restrições e obrigações”.

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