Destaque do Jornal O DIA de hoje


Filme 'Cine Holliúdy' faz graça com expressões típicas dos cearenses

Machorréi, ispilicute, ciçu foram algumas das palavras com as quais a carioca Míriam Freeland teve que se acostumar para protagonizar o filme do diretor Halder Gomes

Karina Maia
Rio - Imagine uns cabras que falam rápido. Agora some isso a uma velocidade medonha e a um papo estrambólico. O resultado é a comédia ‘Cine Holliúdy’. O filme é todo falado em ‘cearencês’,
como define o próprio diretor Halder Gomes, que fez questão de usar legenda em seu longa, já
visto por mais de 100 mil espectadores em Fortaleza, até entrar em cartaz no circuito
comercial do Rio, na última sexta.
Machorréi, ispilicute, ciçu foram algumas das palavras com as quais Míriam Freeland teve que se acostumar para protagonizar o filme
Foto:  José Pedro Monteiro / Agência O Dia

“Talvez a gente fale rápido porque, como o Ceará é muito quente, tem que terminar o papo logo,
antes que o sol lhe derreta”, teoriza Halder, cujo sotaque não nega suas origens. “O fato é
que a gente fala ligeiro e quem não está acostumado apanha”, completa ele, apontando para
Miriam Freeland. É que a atriz é uma das poucas cariocas do elenco. “Tinha que ficar ligada,
se não eu perdia a piada, o que aconteceu muitas vezes!”, confessa ela.
Foi assim, com um vocabulário muito peculiar, que Miriam encarnou Maria, mulher de
Francisgleydisson (Edmilson Filho). Na trama, eles lutam para abrir um cinema em uma cidade do
interior do Ceará, nos anos 70. Em meio a esse pano de fundo, figuras cômicas surgem na
história, revelando o significado de palavras como ‘ispilicule’, que significa nada menos do
que ‘she is pretty cute’ (ela é muito bonita). “Baitola, por exemplo, surgiu na época da
construção da estrada de ferro. Tinha um engenheiro inglês que era a maior bichona. Ao invés
de falar a bitola do trem, ele falava a baitola do trem”, conta o diretor.
'Cine Holliúdy', filme que acaba de estrear no Rio, faz graça com expressões típicas dos cearenses
Foto:  Divulgação

Se a origem de tantas expressões parece maluca, o critério de Halder para a escolha do elenco
é ainda mais louca. “Procurava uma esposa para o Franciscleydison, aí pensei: ‘Preciso achar
uma atriz que não me dê vontade de comer!’”, entrega o cineasta às gargalhadas. “Escrevi uma
personagem que era a loura dos sonhos. Coloquei essas palavras no Google e apareceu um monte de retrato da Fiorella Mattheis. Foi assim que cheguei nela!”, recorda.
Brincadeiras à parte, ‘Cine Holliúdy’ é quase todo embasado nas vivências de seu diretor. “No
filme tem uma cena onde a mulher de Franciscleydison chama ele na frente dos amigos para tomar Toddy, mas na verdade é feijão. Minha avó fazia a mesma coisa com o meu pai”, diz Halder. “Por isso que quando o cabra é forte a gente fala que foi criado com Toddy”, completa.
DO CEARENCÊS
CIÇO
O cabra abestato, mané.
FRACO
A pior coisa do mundo.
AI DENTRO
Resposta a qualquer provocação, antibullying.
ISPILICUTE
Do inglês ‘she is pretty cute’. Significa mulher faceira.
Machorréi
O mesmo que ‘cara’ para os cariocas.
INDARRAI?
Palavra indiana, ainda inédita na Índia, que pergunta sobre quem acabou de se estrepar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário