Cadeia pode matar Genoino

Guimarães afirma que irmão corre ‘risco iminente de vida’

O deputado federal e líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara Federal, José Guimarães, afirmou ontem que o ex-presidente do PT, José Genoíno, vive um “risco iminente de vida”. O motivo, segundo Guimarães, que é irmão de Genoíno, é a condição a que foi submetido desde que teve de viajar de avião para Brasília, no último sábado, em decorrência da ordem de prisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Genoíno teria passado mal três vezes desde que se apresentou à Polícia Federal em São Paulo, na noite de sexta-feira. Em julho, ele foi submetido a uma cirurgia de dissecção da artéria aorta, uma operação de alto risco. “Ele não pode estar onde está. É um risco de vida, todo o país sabe disso. Conversei com médicos que estiveram com ele. Ele não tem condições de ficar lá (na Papuda). Pensem vocês, avaliem. Não sou eu que estou dizendo. Um cara que botou 15 centímetros (de material plástico) na aorta pode ficar dentro de um avião durante oito horas num lugar desses? Há um risco iminente de vida”, declarou Guimarães, em intervalo da reunião do diretório nacional do PT.
Como o jornal o Estado já havia mostrado, o deputado federal declarou, na semana passada, que o irmão foi injustiçado e não devia ser colocado “no mesmo balaio” que os outros envolvidos. “Genoíno foi usado, porque assinou uns documentos que o PT fez um empréstimo. Ele é uma das pessoas mais honestas deste País, todos dizem isso”, disse Guimarães.
O ex-dirigente do PT foi condenado a 6 anos e 11 meses de prisão mais o pagamento de multa de R$ 468 mil por formação de quadrilha e corrupção ativa. De acordo com o Ministério Público, o petista participou das negociações com os partidos aliados e com bancos que alimentavam o “valerioduto” e orientou a distribuição do dinheiro do esquema.
Regime semiaberto
A Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) decidiu, na tarde de ontem, pela transferência de José Genoíno, do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, para o regime semiaberto de prisão. O presidente do Supremo Tribunal Federal e relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, enviou ainda pedido de prisão domiciliar feito por Genoíno para análise da Procuradoria Geral da República.
“Incorreta” e “ilegal”
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, havia condenado a manutenção de presos em regime mais rigoroso àquele para o qual foram condenados. Cardozo considerou “incorreta” e “ilegal” a prisão em regime fechado de condenados ao regime semiaberto.
arbitrária
• A Executiva nacional do PT classificou, após reunião na tarde de ontem, como “arbitrária” e “casuísmo jurídico” a prisão dos petistas condenados no mensalão sem que todos os recursos tenham sido julgados. Em nota, os petistas afirmam que o mandado expedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, sem a especificação do regime das penas, e a determinação de que os condenados fossem trasladados a Brasília, acarretaram um “espetáculo indesejado e condenável” e “colocou em risco a vida do deputado José Genoíno, cardiopata recém-operado”.
 O texto reafirma, ainda, que o processo foi “nitidamente político e influenciado pela mídia conservadora”, e declara ainda que os petistas condenados são “vítimas, desde o início, de uma tentativa de linchamento moral, que visa também a criminalizar o PT e influir na disputa eleitoral”.