No Ratinho, Dilma diz que cancelou visita aos EUA porque Obama não cumpriu promessas
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Roberto Stuckert Filho/PRPresidente da República, Dilma Rousseff, é entrevistada pelo apresentador do SBT Ratinho, durante encontro no Palácio da Alvorada, em Brasília
Telefonemas e e-mails do Ministério de Minas e Energia |
Segundo Dilma, o Brasil cobrou dos Estados Unidos desculpas e o compromisso de que a espionagem não mais iria ocorrer. "Queria desculpas e o compromisso de que isso não iria mais acontecer. Como ele [Obama] não me garantiu isso, disse a ele que não tinha condições políticas de fazer uma visita de chefe de Estado", afirmou a presidente.
Dilma afirmou que dias antes, durante encontro do G-20 em São Petesburgo, na Rússia, Obama havia se comprometido a cessar a espionagem. "É inadmissível esse tipo de relação entre países. Afeta os direitos humanos, civis, a privacidade das pessoas, o interesse de empresas brasileiras, afeta a nossa soberania", disse.
"Que historia é essa de ficar sondando? Não tem nenhum dado de que aqui tinha atuação terrorista", questionou Dilma.
Em seguida, a presidente afirmou que o fato de as informações sobre a espionagem terem vindo à tona após as denúncias do ex-agente da NSA (agência de segurança dos EUA) Edward Snowden torna a história "desagradável".
"Sabe o que é muito desagradável nessa história toda? Quem vaza é um rapaz que não tem mais de 25 anos, um rapaz que estava na área de inteligência há quatro ou cinco meses. Como é que uma pessoa dessa consegue dados de tantos Estados?", questionou.
Protestos
Sobre os protestos ocorridos em junho, Dilma afirmou que os vê "com uma visão muito positiva". "Elas fazem parte do processo de democracia e de inclusão social". Afirmou também que, não fossem os atos, o Congresso não teria destina os royalties do pré-sal para educação."Essa força das manifestações levaram a gente ter muitas conquistas", disse. "Dificilmente sem a manifestação de junho conseguiríamos os royalties para a educação."
'Mais Médicos'
Dilma também credita aos protestos a implantação do "Mais Médicos", programa que inclui a contratação de médicos estrangeiros. A presidente saiu em defesa da vinda dos médicos estrangeiros, mas admitiu que o programa não resolverá os problemas da saúde pública. "O Mais Médicos não resolve o problema da saúde", afirmou. "Também é verdade que não adianta ter os locais, os equipamentos e não ter os médicos."A mandatária disse ainda que "as pessoas pedem o atendimento humanizado" e que as doenças que acometem a maioria da população são tratadas no posto médico. "Diabetes, pressão alta, asma bronquite e diarreia, são doenças que você pode atender na atenção básica, no posto médico."
Reeleição
Dilma tergiversou ao ser indagada sobre a candidatura à reeleição no ano vem. "Olha, eu tenho uma vantagem, em relação a qualquer outra pessoa, sabe qual é? Antes de ser candidata, eu sou presidente até 31 de dezembro de 2014. Ontem, por exemplo, um repórter me perguntou se eu estou fazendo campanha eleitoral. Eu disse que não, eu sou presidente, antes de querer ser eleita, eu tenho que exercer a minha presidência."Copa do Mundo
Questionada sobre a aplicação de recursos públicos na Copa do Mundo, Dilma afirmou que não houve uso de dinheiro do governo federal na construção de estádios. "Em todos os 12 estádios, colocamos financiamento (...) do Orçamento Geral da União, não colocamos nenhum tostão. Colocamos sim em obras de mobilidade e segurança. Tudo isso vai ficar para o país.Questões íntimas
Na entrevista, a presidente, provocada pelo apresentador, falou também de questões de foro íntimo. Disse se sentir sozinha quando está recolhida no Alvorada e afirmou que sente falta de andar na rua. "A gente fica [sozinha] sim, Ratinho. Se há um prazer na vida que todo mundo tem é andar na rua"Dilma citou um episódio em que pediu ao general Marcos Antônio Amaro, que chefia sua segurança, para caminhar na praça da Liberdade, no centro de Belo Horizonte. A mandatária contou que gosta de comer "mexidão" e ir ao cinema, o que evita "para não incomodar as pessoas."
A presidente afirmou ainda gostar de ler até "bula de remédio" e disse que prefere "livro com papel e cheiro" aos e-books. "O dia que falarem pra mim 'vai acabar o livro', vou lutar para não acabar."
Ao final da entrevista, a presidente percorreu as dependências do Alvorada com o apresentador.
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