Esvaindo-se na incompetência a cultura do Ceará


Arquivo Intermediário carece de reforma
O Arquivo Público Intermediário do Ceará, localizado na rua  Pinto Madeira, no Centro de Fortaleza, carece de uma urgente modernização estrutural e técnica para garantir a preservação de documentos históricos. A reforma está prevista, pelo governo estadual, desde setembro de 2012. O projeto arquitetônico e de instalação já foi concluído, porém a demora no processo licitatório compromete o início da obra de recuperação. Enquanto isso, o prédio segue deteriorado e abriga documentos importantes, em estado de decomposição devido o armazenamento inadequado.
No ano passado, em setembro, o governador Cid Gomes anunciou um pacote de ações que previam uma série de melhorias em equipamentos culturais do Estado, dentre eles, o Arquivo Público Intermediário. O investimento, anunciado de R$ 118 milhões ,seria destinado a melhorias na estrutura, ampliação, modernização, adaptação, e reformas dos prédios. Porém, até agora, as ações não passam de promessa.
Segundo a assessoria do Departamento de Arquitetura e Engenharia (DAE), responsável pela recuperação dos prédios públicos estaduais, no momento a obra está em processo de análise na Secretaria da Infraestrutura (Seinfra) e depois será encaminhado à Procuradoria Geral do Estado (PGE) que repassa a Comissão Central de Licitação.
O Orçamento destinado para a recuperação do Arquivo é de R$ 2.697.981,93. A previsão é que a fase de licitação termine até o final deste ano. Nesta licitação, conforme o DAE, a ganha o interessado que apresentar o menor preço.
CONSERVAÇÃO
Arquivos históricos do Ceará, principalmente os mais antigos, estão correndo riscos de decomposição devido à falta de condições adequadas de preservação, segundo o historiador Armando Pinheiro, que ressaltou ainda que, é preciso um cuidado especial com estes documentos. “O papel é algo frágil, sofre ataques de pragas, é preciso conservá-los em salas climatizadas, controlando a temperatura, a umidade, a luz, para garantir a integridade do material”.
Segundo Armando, os documentos mais danificados podem perder-se, definitivamente, caso a reforma do Arquivo demore a ser iniciada. Além disso, ele garante que adequação da climatização do equipamento, é fundamental para garantir a integridade das informações históricas.
PROJETO
O diretor do Arquivo, Márcio Porto, garantiu que o projeto elaborado para a reforma do prédio contempla a modernização estrutural. Além da climatização das salas, “o Intermediário vai ter rampas de acesso aos cadeirantes, mezanino para ampliar a capacidade de armazenamento, as salas de cópias de documentos serão reformadas, assim como os banheiros, portões de ferro, vidraças. O estacionamento será ampliado. A originalidade do prédio será preservada”, destacou.
Para uma melhor eficiência na preservação dos materiais históricos, Márcio ressalta a necessidade da aquisição de arquivistas. Como o estado do Ceará não dispõe de um curso de Arquivologia, o diretor relatou a possibilidade da Universidade Estadual do Ceará (UECE) ministrar um curso de especialização nesta área.
DIGITALIZAÇÃO
Ainda de acordo com o diretor, existe um projeto, iniciado em agosto deste ano, que visa à digitalização de aproximadamente 500 mil documentos. O acervo contempla o período colonial e imperial do Ceará. Até o momento foram digitalizados 52 mil arquivos. A previsão é de concluir até o final de 2014. “No final, vamos abrir uma página do Arquivo Público no site da Secretaria da Cultura, onde essa documentação poderá ser consultada”, informa.
ARQUIVO INTERMEDIÁRIO NA HISTÓRIA
Inaugurado no dia 03 de fevereiro de 1932, o Arquivo Público, tem documentos provenientes do século XVIII até o século XX. São dois mil metros lineares no Arquivo Intermediário e nove mil no Arquivo Permanente, localizado na rua Senador Alencar, no Centro, onde ficam os documentos principais, historicamente mais importantes. São publicações acumuladas dos períodos colonial, imperial e republicano da História cearense.
Em geral, o Arquivo Público guarda os documentos prioritários do acervo e o Intermediário, abriga os menos consultados. No Intermediário, também é feita a triagem do que deve ser ou não encaminhado para o Arquivo Público principal.
O prédio que, atualmente, abriga o Arquivo Intermediário, localizado na rua Pinto Madeira, já foi sede do arquivo principal, instalado no local em 13 de setembro de 1968, na gestão do governador Plácido Aderaldo Castelo e do secretário de Cultura, Raimundo Girão.

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