Outra do Kotscho

Greve nos bancos pouco se importa com os clientes

GreveBancos 19092013 DO 2 2 Greve nos bancos pouco se importa com os clientes
Senti na pele na manhã desta segunda-feira o que milhões de brasileiros estão enfrentando desde a última quinta-feira, quando os bancários resolveram, como sempre acontece nesta época do ano, entrar em greve por tempo indeterminado. Assim como a primavera, as greves bancárias têm dia certo para começar, com a diferença de que a estação das flores também tem dia certo para acabar. Nos bancos, nunca se sabe.
Pouco me importa saber se a razão está com os banqueiros ou os bancários, mas acho que os dois lados deveriam ter um pouco mais de consideração com quem lhes garante os lucros e os salários. O que sei é que todos os anos os bancos anunciam orgulhosamente novos recordes em seus lucros. Não seria o caso de repartir uma parte com seus funcionários para que eles não entrem em greve também todos os anos?
Como qualquer outro serviço público, os bancos e os bancários deveriam ser obrigados por lei a manter um número mínimo de funcionários trabalhando, pelo menos para orientar os clientes, que muitas vezes vêm de longe, e atender os casos mais urgentes.
Desde que inventaram os tais caixas eletrônicos, raríssimamente entro num banco porque, para qualquer serviço que precisamos, dá a impressão de que estamos incomodando e, ao nos atenderem no final das filas, parecem estar te fazendo um grande favor.
"Não pode entrar aí. Estamos em greve", limita-se a me comunicar um funcionário com o crachá da Caixa Econômica Federal, na agência da rua Augusta, em São Paulo, já se colocando na frente da porta para deixar bem claro que se trata de uma ordem. Além de frustrado, senti-me um idiota carregando na mão o envelope com os mil documentos que passei a manhã toda juntando, e agora não tenho para quem entregar. Perdi a viagem.
O funcionário, não sei se a serviço do banco ou do sindicato em greve, não quer papo. Está ali cumprindo ordens. Só queria saber se em alguma outra agência da Caixa na cidade eu poderia dar entrada no meu pedido para receber o PIS-PASEP. Como se fosse uma gravação dessas de telemarketing, o jovem só sabe responder que não, não sabe de nada. Nem quando os bancos vão reabrir.
A Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), entidade patronal que representa os ditos cujos, limitou-se a soltar uma nota criticando os bancários. "A Fenaban lamenta essa posição dos sindicatos, que causa transtorno à população". Diz que os bancos respeitam o direito à greve ", mas que "farão tudo que for necessário e legalmente cabível para garantir o acesso da população e funcionários aos estabelecimentos bancários".
Como são bonzinhos! Pois não foi o que me pareceu quando cheguei à agência da CEF e o rapaz que tomava conta da porta me informou que não tinha nenhum caixa trabalhando. Ainda mais por se tratar de um banco público, onde nosso dinheiro de benefícios fica guardado compulsoriamente, a Caixa deveria manter ao menos um plantão para nos dar informações.
De outro lado, o Procon-SP nos informa que a greve não desobriga o consumidor de pagar as contas em dia, mas acrescenta que "a empresa credora tem a obrigação de oferecer formas e locais para que os pagamentos sejam efetuados".
Maravilha, como se isso fosse tão simples assim. Quer dizer que para receber os teus direitos não tem como, mas para pagar o que você deve sempre se dá um jeito. Pois eu pensava que o Procon fosse uma entidade de defesa do consumidor, e não dos bancos e dos nossos credores.
Os bancários pedem o de sempre: maior reajuste salarial e participação nos lucros, melhores condições de trabalho e aumento do piso, entre outras reivindicações. E se elas não forem atendidas pelos bancos, vou receber quando o meu PIS-PASEP?
Para não pensar que sou o único prejudicado nesta história, peço aos caros leitores do Balaio que contem também seus dramas e como fazem para pagar ou receber nestes tempos de greve por tempo indeterminado.

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