Intolerancia: Sindicato dos Médicos do Ceará defende greve geral contra programa federal

Protesto contra médicos estrangeiros na segunda-feira (26), no qual eles foram vaiados e os cubanos, chamados de "escravos" (Foto: Igor de Melo/O Povo)
O Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec) defendeu uma greve nacional da categoria em assembleia na noite desta quarta-feira (28) como protesto contra a implantação do programa Mais Médicos, do governo federal. O sindicato ficou conhecido nacionalmente por ter liderado um protesto contra médicos estrangeiros na segunda-feira (26), no qual eles foram vaiados e os cubanos, chamados de "escravos".

Médicos participaram de assembleia nesta quarta-feira (28)
Cerca de 100 médicos participaram da assembleia do sindicato, que discutiu ações contra o programa Mais Médicos. O presidente da entidade, José Maria Pontes, afirmou que a Federação Nacional dos Médicos vai convocar os representantes dos sindicatos estaduais para discutir uma paralisação nacional. "Acho que aí a gente tem que centrar fogo, para que isso aconteça", discursou.

Pontes defendeu que os profissionais se preparem para enfrentar "uma grande greve" por tempo indeterminado e se previnam contra críticas. "Todo dia morrem pessoas pelas falhas no sistema de saúde, mas se morrer alguém durante nossa greve, é o doutor que vai ser processado", disse.

Categoria afirma que não é contra os médicos cubanos
Outro médico discursou defendendo a greve, recebendo aplausos, e sugeriu um slogan para a paralisação: "Estamos em greve, mas não se preocupe, o seu diagnóstico não é exclusividade nossa". O presidente afirmou que a categoria não é contra os cubanos, mas defende a aplicação da prova de revalidação do diploma no país e a obediência aos direitos trabalhistas.

"Nós, médicos brasileiros, não podemos aceitar que nenhum trabalhador, brasileiro ou não, possa fazer algum tipo de trabalho escravo", afirmou Pontes. O sindicato considera que a forma de contratação do programa federal, sem direitos trabalhistas, pode ser comparada à escravidão.

Os médicos fizeram críticas ao governo, que foi acusado de estar jogando a população contra eles, e à imprensa. Segundo eles, o protesto de segunda-feira foi distorcido pela foto publicada na Primeira Página da Folha de São Paulo, que mostrou um médico cubano sendo vaiado por duas médicas brasileiras.

Alguns, porém, consideraram que houve excessos. "Por mais que se dissesse que ninguém era contra os cubanos, por um equívoco no momento, gritaram "escravos" e fotografaram imediatamente um cubano negro. Nas redes sociais está escrito que nós do Ceará somos racistas, então temos que ter muito cuidado. Precisamos colocar nos jornais que tudo que nós queremos é que os cubanos recebam diretamente", discursou o médico Pedro Negreiros, professor da Universidade Federal do Ceará. Negreiros referiu-se à forma de pagamento dos cubanos. O salário é pago ao governo de Cuba e repassado aos profissionais.

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