Tá no JOsias

Dilma e Eduardo travam torneio de bordões ocos



Aliado de dois gumes, Eduardo Campos disputa com Dilma Rousseff um torneio de bordões. Na semana passada, o presidenciável do PSB repetira na propaganda partidária um lero-lero que dissera dias antes num encontro com empresários: “É possível fazer mais.” No final de semana, Dilma Rousseff mimetizou o quase-ex-aliado na publicidade do PT: “É possível fazer cada vez mais.”
Neste feriado de 1º de maio, indagado sobre o eco de Dilma, Eduardo não pareceu incomodado. “…O importante, em todos os níveis, é que todos se sintam desafiados a fazer mais e melhor.” Súbito, perguntaram-lhe o que diabos faria a mais pelo Brasil. O potencial rival de Dilma estufou o peito como uma segunda barriga e pespegou outro bordão manjado: “Quem viver verá!”.
Aqueles que olham de longe a cena pré-eleitoral começam a enxergar em Eduardo e Dilma personagens talhados para convivas do Chapeleiro Maluco e de Alice, na mesa de chá do País das Maravilhas. Dilma diria: eu trouxe caviar. É beluga. E Eduardo, levando a iguaria à boca: sim, é beluga, mas com a granulação errada. É possível melhorar isso.
A parola do “mais e melhor” parte do pressuposto de que o presente já é radioso e vende um futuro idílico. Tudo isso com um discurso marqueteiro cuja profundidade pode ser vencida por uma saúva com água pela canela. No futuro cabe tudo, pois futuro não pode ser cobrado ou conferido.
Amanhã, quando tudo parecer inviável, sempre será possível filosofar sobre como seria o Brasil se as esperanças vendidas à beira da urna tivessem dado em outro país. Mas esse não será um debate para qualquer um. A filosofia só é acessível a quem distingue grão de caviar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário