A Polícia Federal flagrou nesta quinta-feira de manhã dois homens
tentando embarcar num voo de Brasília para o Rio de Janeiro com R$ 465
mil em espécie escondidos em meias, cuecas e outras peças de roupa. Um
dos homens, que se identificou como Michel, disse ao GLOBO que portava
R$ 229 mil. O economista e empresário Eduardo Lemos, dono da Fides
Advisor Consultoria Financeira, se apresentou como dono do dinheiro. A
polícia abriu inquérito para investigar a origem dos recursos.
Em
2005, um funcionário do deputado José Guimarães, atual líder do PT na
Câmara, foi preso com dólares na cueca no Aeroporto de Congonhas, em São
Paulo, pouco antes de embarcar para Fortaleza, num caso que ficou
conhecido em todo o país. Guimarães, irmão do deputado José Genoino, réu
do mensalão, chegou a ser processado por improbidade administrativa,
mas foi inocentado em 2012 pelo Superior Tribunal de Justiça.
No
caso de hoje, porém, o empresário diz que o dinheiro não é de contratos
com órgãos públicos e que seria enviado ao Rio de Janeiro para ser usado
na compra de um apartamento para a mãe e no pagamento de uma dívida de
R$ 50 mil.
— Eu não tenho contrato com o serviço público, não
tenho ligação com político. Esse dinheiro é meu e eu quero meu dinheiro
de volta — disse Lemos, pouco antes de ser chamado para depor.
Os
dois homens flagrados com o dinheiro no corpo, seriam funcionários de
uma empresa de factoring da mãe de Lemos. A transação seria feita em
espécie a pedido do vendedor do imóvel. O empresário considerou normal a
exigência, mas deixou escapar que o negócio poderia resultar em
sonegação de impostos
— Nem todo mundo declara o verdadeiro valor de um negócio que faz — disse.
O
empresário disse que não viu nada demais em mandar dois homens levar
dinheiro camuflado no corpo numa viagem. Ele argumentou que transportar
dinheiro não é crime e a camuflagem seria a forma mais segura de
movimentar os recursos sem chamar a atenção de ladrões. Disse que não
mandou os dois homens botarem o dinheiro em malas porque as bagagens
poderiam ser extraviadas. Alegou ainda que a empresa dele fatura R$ 15
milhões por ano e que a quantia não é tão grande assim.
— Muito
para quem? Não para mim. O meu relógio custa R$ 200 mil. Eu vim para cá
(para o prédio da polícia) num Porsche — disse Lemos.
Depois de interrogados, os dois funcionários foram liberados.
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