No mês em que se comemora o Dia das Mães, melhor presente seria parir com dignidade. Mas, porque
está cada vez mais difícil ter um parto humanizado hoje em Fortaleza?
Dados do Ministério da Saúde indicam que, em 2010, 52% dos partos no
país foram cirúrgicos. Na rede privada, o índice chega a 82% e na rede
pública, a 37%. Segundo o Comitê de Mortalidade Materna, apenas em
Fortaleza, 53,5% dos partos foram cesarianas em 2010, porcentagem acima
da média nacional (52%) e bem mais elevada que a meta idealizada pelo
Ministério da Saúde, que visa reduzir a média do País para 30%. Para
discutir essa realidade, entidades sociais, mães e gestantes,
profissionais e autoridades se reunirão na quinta-feira, dia 09, às
14h30min, no Auditório da Câmara Municipal de Fortaleza por ocasião da
Audiência Pública para discutir a importância do parto humanizado:
“Contra a violência obstétrica, respeito ao parto e ao nascimento”.
Para celebrar a vida, estará em cartaz também uma exposição
fotográfica sobre a dignidade do nascer, além da apresentação de
diversos relatos exitosos de partos humanizados. A realização é do Grupo
de Apoio ao Parto Ativo, Ishtar Fortaleza e do Mandato da vereadora
Toinha Rocha, Cidade em Movimento.
Entre propostas que deverão ser apresentadas na Audiência Pública
para a humanização do nascer em Fortaleza estará a efetivação de
garantias como Lei do Acompanhante, capacitação de profissionais,
presença de doulas nos hospitais, criação de Casas de Partos e Centros
de Partos Normais (CPNs). São constantes, também, as denuncias de
violências obstétricas no município de Fortaleza. As agressões mais
comuns são gritos, procedimentos dolorosos sem consentimento, falta de
analgesia e negligência médica.
Violência obstétrica
O conceito internacional de violência
obstétrica define qualquer ato ou intervenção direcionado à mulher
grávida, parturiente ou puérpera (que deu à luz recentemente), ou ao seu
bebê, praticado sem o consentimento explícito e informado da mulher
e/ou em desrespeito à sua autonomia, integridade física e mental, aos
seus sentimentos, opções e preferências. A pesquisa “Mulheres
brasileiras e Gênero nos espaços público e privado”, divulgada em 2010
pela Fundação Perseu Abramo, mostrou que uma em cada quatro mulheres
sofre algum tipo de violência durante o parto.
Qual nossa alternativa?
O direito da mulher sobre o seu
próprio parto também é uma das principais bandeiras de um movimento
feminino que cresce a cada dia no Brasil e também em Fortaleza. A idéia
de “mulher empoderada”, que escolhe onde, como e com quem quer parir. O
parto humanizado pode acontecer em casas de parto, em casa (somente para
gestantes de baixo risco) e até em salas especiais que muitos hospitais
estão criando com esta finalidade. A equipe geralmente é reduzida, com
uma enfermeira obstetra (ou médico que siga esta filosofia), um
neonatologista e uma doula – profissional treinada a dar suporte físico e
emocional à mulher desde o pré-natal. Na hora do parto, a doula orienta
sobre exercícios e posições, respiração e fornece um arsenal de
recursos não farmacológicos para alívio dor, como massagens, bolas,
óleos, exercícios e banhos.
Como se nasce no Brasil?
Apesar do índice máximo de cesarianas
aconselhado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ser de 15%, o
Brasil lidera o ranking na América Latina, segundo a Unicef, com mais de
50% de nascimentos através da cirurgia. O índice sobe consideravelmente
quando se olha apenas para os hospitais particulares. Em 2010, 81,83%
das crianças que nasceram via convênios médicos, vieram ao mundo por
cesarianas. Em 2011, o número aumentou para 83,8%, segundo a Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Há ainda hospitais particulares
como o Santa Joana, em São Paulo, que no primeiro trimestre de 2009
apresentou taxa de 93,18% cesarianas, segundo o Sistema de Informações
de Nascidos Vivos (SINASC).
Serviço:
Audiência Pública para discutir a importância do parto humanizado.
Quando: quinta-feira, dia 09 de maio de 2013
Hora: 14h30min
Onde: Auditório da Câmara Municipal de Fortaleza
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