Fede a cão denuncia de Ciro Gomes sobre polícia

Deputado propõe CPI da Polícia Militar

O deputado Roberto Mesquita (PV) pretende instalar, na Assembleia Legislativa, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias do ex-deputado Ciro Gomes (PSB) sobre existência de uma milícia na Polícia Militar, que, segundo ele, seria comandada pelo vereador Capitão Wagner (PR). Para que o pedido de CPI seja aceito são necessárias 12 assinaturas. Ontem, o parlamentar ainda elaborava a proposta.
A CPI, conforme Mesquita, tem a finalidade de apurar, em até 90 dias, denúncias de uma possível greve e práticas de grupos de extermínio na Polícia Militar, haja vista que o Regimento Interno da Casa solicita uma fundamentação para a proposta. Requer, ainda, a averiguação das denúncias levantadas por Ciro Gomes.
De acordo com o parlamentar, a Assembleia não pode ficar passiva diante das acusações entre Estado e representantes da PM. “Nós já temos uma situação de redundante fracasso na segurança pública, de calamidade. Quando ouvimos da boca com influência no Estado que a nossa PM é ligada ao narcotráfico, não podemos ficar alheios”, disse o verde, ressaltando que, no final de 2011 e começo de 2012, o Governo foi negligente, o que, segundo ele, contribuiu para eclosão de um movimento paredista, que quase atinge todo Estado do Ceará. “Isso é muito sério. Não podemos ver a polícia de um lado e o Governo do outro”.
Mesquita alegou, ainda, que a Assembleia é o órgão indicado para fazer tal investigação. E defendeu que a Comissão de Inquérito deve ouvir, além do ex-parlamentar Ciro Gomes, representantes da PM e o secretário de Segurança Pública, coronel Bezerra.
POSICIONAMENTO
A deputada Eliane Novais (PSB) cobrou um posicionamento do governador Cid Gomes (PSB). Na avaliação da parlamentar, Ciro não possui cargo público e, portanto, se ocorreu quebra de hierarquia, foi por parte do seu irmão Ciro Gomes, que, para ela, tem apresentados encaminhamentos desnecessários. “Ciro não tem cargo para dar encaminhamentos neste sentido. Essas declarações desastrosas fazem com que a população fique assustada e apavorada”. A socialista também conclamou a população a discutir sobre segurança pública.

O deputado Perboyre Diógenes (PMDB) afirmou que poderá assinar a CPI proposta por Roberto Mesquita. Segundo destacou, caso haja uma milícia dentro da Polícia, a gestão de Cid Gomes poderá estar sendo prejudicada, apesar dos grandes investimentos realizados.
DEFESA
O líder do governo na AL, deputado José Sarto (PSB), por sua vez, ressaltou que o Governo está no controle. Ele também falou dos recentes investimentos realizados na área da segurança pública. Contudo, reconheceu existir um “tensionamento” orquestrado por pessoas ligadas à Polícia Militar (PM), destacando que nas redes sociais circula um vídeo, mostrando o vereador Capitão Wagner (PR) articulando um grupo de mulheres de policiais, para que fosse impedido o policiamento no jogo entre Ceará e Fortaleza, no Estádio Presidente Vargas.

Ainda segundo ele, caso o Congresso Nacional, aprove o projeto que anistia os PMs que participaram da última greve, isso pode abrir um precedente perigoso, tendo em vista que a greve foi considerada ilegal pela Justiça. Sarto destacou também que as reivindicações dos policiais são legítimas e o Governo trabalha para atendê-las na medida do possível.
Vereadores cobram reação da mesa diretora
As declarações do ex-deputado Ciro Gomes também repercutiram na Câmara Municipal de  Fortaleza, na manhã de ontem. A manifestação foi encabeçada pelo vereador Eulógio Neto (PSC), para que a Mesa Diretora solicitasse a presença de Ciro Gomes para prestar esclarecimentos sobre a acusação contra o vereador Capitão Wagner (PR).

O vereador João Alfredo (PSol), porém, solicitou reunião do Colégio de Líderes para debater a posição da Casa. Segundo destacou, as declarações do ex-parlamentar foram amplamente divulgadas pela imprensa e apontam suposta participação de outro parlamentar – vereador - em milícias do narcotráfico.
“Penso que as acusações do ex-governador são muito graves para que a Câmara fique silente. Sem prejulgar ninguém: ou o ex-governador está certo e esta Câmara abriga entre nós um chefe de milícia ligado a narcotraficantes, ou o ex-governador falta com a verdade, comete uma brutal injustiça e deverá, portanto, pedir desculpas públicas”, colocou João Alfredo, logo após anunciar que também se manifestava como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
“NÃO É BODEGA”
O líder da oposição, vereador Guilherme Sampaio (PT), também se solidarizou com Capitão Wagner. Requerendo, assim, da Mesa Diretora uma nota de solidariedade perante as graves acusações deferidas ao republicano. “Essa acusação não foi feita por qualquer pessoa, mas pelo irmão do governador, que está assumindo informalmente a Secretaria de Segurança. Isso aqui não é bodega”, enfatizou em referência à Câmara Municipal. Adail Junior (PV), que presidia a sessão, garantiu que levaria as solicitações ao presidente da Casa, vereador Walter Cavalcante (PMDB), para que sejam tomadas as devidas providências.

LAURA RAQUEL
Da Redação

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