Deu no Jornal O Estado (CE)


Incêndio no Teatro e falta de água na Biblioteca

Fundada em 1867 no Governo Provincial do Ceará, a Biblioteca Pública Menezes Pimentel completou 146 anos em março deste ano. Localizada em uma região nobre de Fortaleza, ao lado do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e defronte da Praça Cristo Redentor, a biblioteca possui cinco pavimentos, 2.272 metros quadrados e um acervo aproximado de 115 mil livros e 300 mil periódicos.
Todo este equipamento que tem, como finalidade, atender aos estudantes do Ceará, aos pesquisadores e àqueles que costumam pegar livros emprestados durante alguns dias, está passando por uma situação simplesmente fora do comum. Há mais de um ano, contam alguns funcionários, que é preciso se servir de balde para dar descarga nos banheiros. Não existe água nas pias e o elevador parou de funcionar há quatro meses. Há um projeto, dizem os funcionários (que pretendem não se identificar), para resolver tudo isso, mas, segundo eles, ninguém sabe dizer quando começa.
Segundo a Secretaria de Cultura do Estado, por intermédio de sua Assessoria de Imprensa, a reforma da Biblioteca Menezes Pimentel foi anunciada em setembro do ano passado quando o governador do Estado deu início à Virada Cultura e anunciou uma verba de R$ 71 milhões para as reformas necessárias. A intenção, afirma Otávio Menezes, Coordenador do Patrimônio Histórico do Ceará, é integrar a Biblioteca Pública ao Dragão do Mar. Para isso, porém, será necessário abrir uma licitação para que o trabalho seja feito.
A vida dos funcionários públicos, enquanto isso, e daqueles que frequentam a Casa, fica à mercê da boa vontade de quem cuida da burocracia do Estado. Como o ar-condicionado também não funciona há dois anos, a poeira que entra pelas janelas abertas do prédio vai toda ela para os livros que, quando são manuseados, deixam as mãos dos bibliotecários totalmente sujas. Nada demais se houvesse água nas pias. Mas, como a água das pias é coisa rara (porque, segundo os funcionários, só existe na área da administração), as mãos dos bibliotecários continuam empoeiradas assim como as dos usuários da biblioteca.
Para o professor Everardo Menezes da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, especialista em microbiologia com doutorado na USP e pós-doutorado na Universidade Complutense de Madri, o risco que se corre, quando se manuseia livros velhos e mal conservados, é o de pegar uma renite ou uma asma. A melhor forma de se defender de tais perigos é conservar os livros sempre limpos e as mãos lavadas.
Usuários
Frequentadora da Biblioteca Pública há muito tempo, desde a época em que fazia o secundário, a estudante Rafaela Nislândia Carneiro que estuda, no momento, para cursar Comunicação depois do vestibular, diz que nunca viu uma situação como essa na Menezes Pimentel. Os banheiros nunca foram uma maravilha, diz ela, mas dava para usar. Hoje, nem isso. A limpeza, por sua vez, desapareceu em todo o prédio e todo aquele que insiste em entrar nos banheiros ainda tem que conviver com as inscrições que foram feitas naquele ambiente e que nunca mais foram tiradas porque simplesmente não há reforma no local.

DE DIA FALTA ÁGUA E A NOITE FALTA LUZ
A marchinha é antiga. Mas ela lembra, mais ou menos, a situação das instituições culturais de Fortaleza e, consequentemente, do Ceará. Se falta água na Biblioteca Pública Menezes Pimentel, sobra luz no Teatro São José. A luz que foi vista ali no dia 2 de maio, no entanto, foi a de um incêndio que, segundo alguns funcionários da biblioteca, foi vista por volta das 8 horas da manhã.

Mantendo contato com a Secretaria de Cultura de Fortaleza – Secultfor – responsável pelo Teatro São José, a Secretaria de Cultura respondeu, por intermédio de sua Assessoria de Imprensa, que “desconhece o incêndio” que “supostamente” ocorreu na parte dos fundos do teatro.
Em todo caso, já solicitou uma vistoria no local e avisa que, se necessário, será feita uma apuração sobre o sinistro. A Secultfor ressalta, ainda, que o Teatro São José dispõe de vigilância 24 horas por dia e que é um equipamento cultural de Fortaleza que espera, do PAC das Cidades Históricas, condições para promover uma reforma no prédio.
Inaugurado em 1915, o Teatro São José há muito tempo que espera uma reforma anunciada, diversas vezes, pela gestão anterior da Prefeitura de Fortaleza. Na última entrevista feita pelo jornal O Estado com o setor de Patrimônio da Secultfor no dia 14 de março de 2012, já tinha sido iniciado um projeto para, em breve, dotar o teatro de uma biblioteca, pista de dança e café, além de um teatro-escola. A única reforma vista até agora, porém, foi a operada pelo tempo que, pelo visto, já está se aliando a outros elementos da natureza para pôr fim ao que as instituições culturais não conseguem deixar em pé...
NATALÍCIO BARROSO
Da Redação

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