Tucanagem tenta criar músculos


PSDB tenta mostrar força e união

Em 2006, Aécio Neves era governador de Minas, tinha boa avaliação e trabalhava pela reeleição. Em nome dessa empreitada, destacava sua boa relação com o governo Lula e mantinha em seu palanque partidos que tinham candidato à Presidência, como o PDT.
O PSDB, porém, tinha seu próprio nome para o Planalto: Geraldo Alckmin. Passaram sete anos. Mas, trocando apenas os nomes, a descrição acima continua atual. Onde estiver escrito Aécio, troque por Alckmin. Onde estiver Alckmin, use Aécio. Eis então uma síntese da atual situação do PSDB. Alckmin, hoje, tem boa avaliação em São Paulo e disputará a reeleição.
Por isso, destaca sua relação com a presidente Dilma Rousseff (PT) e namora uma sigla que também pode ter candidato ao Planalto, o PSB, de Eduardo Campos. No PSDB, apenas um nome é cotado para a Presidência em 2014: Aécio. Sete anos atrás, Aécio se reelegeu em Minas beneficiado pelo “voto Lulécio”, como ficou conhecida a tabelinha Lula para presidente, Aécio para governador.
Agora, com Alckmin tentando a reeleição possivelmente de mãos dadas com o PSB, alguém poderá falar em “voto Campimin”: meio Campos, meio Alckmin. No encontro que o PSDB organizou na última semana, em São Paulo, os caciques da sigla se empenharam para demonstrar união em torno da indicação de Aécio para a presidência da sigla. Não fosse pela ausência de José Serra, que posou com Alckmin em 2006 mas faltou à festa de Aécio na semana passada, as imagens poderiam ser confundidas. Nas duas ocasiões, o partido tentava dar provas de união em torno de um candidato à Presidência que, internamente, não era unânime.
2014
Hoje senador, Aécio desponta como única opção do PSDB para a Presidência da República em 2014. Já Alckmin, focado em se reeleger em São Paulo, segue a antiga cartilha do mineiro. Além da relação cordial com Dilma, que disputará a reeleição, Alckmin trabalha para manter o PSB, de Campos, em seu palanque -a sigla é quem, no atual arco de alianças, mais contribui com tempo de campanha na TV.
Tal atributo faz com que o paulista estude entregar a vaga de vice ao partido, o que preocupa aliados de Aécio. Com o PSB na chapa, Alckmin não poderia negar apoio a Campos em São Paulo. O resultado seria a divisão do palanque de Aécio no maior colégio eleitoral do país.

O governador tem dito que é cedo para definir candidato à Presidência, mas defendeu unidade em torno do nome de Aécio no evento da semana passado. No dia seguinte ao ato, o deputado estadual Orlando Morando (PSDB-SP) disse ao “Painel”, em tom irônico: “Nós temos a obrigação de retribuir a Aécio o apoio que ele deu a Alckmin, em 2006, e a Serra, em 2010”.
Um aliado de Serra, que viajou para os Estados Unidos, fotografou a frase no jornal e lhe enviou por e-mail. A viagem foi a justificativa oficial de Serra para a ausência na festa de Aécio.
Aécio sabe que precisará de mais do que uma foto para garantir a unidade em torno de seu nome. Assim, começou um trabalho para conquistar as bases do PSDB paulista. Elegeu interlocutores, como o secretário estadual de Energia, José Aníbal, influente nos diretórios estadual e municipal, e, de quebra, desafeto de Serra. “O Aécio já mostrou com palavras e atos que quer olhar adiante. É o Brasil, não é o PSDB. [Mário] Covas (ex-governador) dizia que o ponto de partida é a unidade partidária. E ele está trabalhando nisso”, diz Aníbal.

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