Pior é que tem que queira ajudar um país de bosta como esse aí

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Missionários brasileiros enfrentam drama em presídio senegalês

Celas superlotadas, ratos e baratas, calor, falta de ventilação, mau cheiro, roupas e bagagens penduradas em todas as paredes. Bem parecido com um presídio brasileiro, esse é o cenário da Casa de Detenção e Correção de Thiès, no Senegal, onde estão presos desde novembro do ano passado os missionários brasileiros José Dilson Alves da Silva, de 45 anos, e Zeneide Moreira Novais, de 53. Eles são acusados de sequestro e exploração de menores que são na verdade abrigados pelo Projeto Obadias, de proteção a crianças e adolescentes de rua em Dakar.
-- Um detalhe chama a atenção nessa história: até hoje ninguém tem prova documental das acusações. Nem as famílias do José Dilson e da Zeneide, nem as agências missionárias às quais pertencem, nem a Embaixada do Brasil -- afirma Antonio Carlos Costa, líder do Rio de Paz, que está em Dakar, com o objetivo de dar assistência aos missionários.
À ONG Rio de Paz, José Dilson fez o seguinte relato:
-- Eu passo todos os dias, das 17h às 9h, numa cela de 40 metros quadrados, que abriga média de 45 presos. Durmo de lado com o rosto colado no rosto do companheiro de cela. Quando a posição me cansa, viro para o lado do pé. Somos forçados a viver tão próximos fisicamente uns dos outros, que muitas vezes é impossível dormir. Outro dia, um teve diarreia. Ele se levantou e teve que passar entre nós sujando de fezes o meu colchão. Os ratos são um grande tormento. Esta noite acordei com um rato morto debaixo do meu colchonete. Às vezes sinto eles andando nas minhas pernas, e com eles tenho que dividir a comida. Frutas, biscoitos e o que tenho que guardar para os momentos entre as refeições. Eu me alimento do que eles já roeram. Não há um dia em que não chore. Já perdi uma obturação e quebrei dois dentes por passar a noite rangendo. Só consigo me recompor após orar.
No dia 31 de janeiro passado, o juiz de instrução visitou o projeto social brasileiro, entrevistando os 15 meninos de rua que ali encontravam-se abrigados. Nenhuma das crianças acusou os missionários de maus tratos, trabalho escravo ou tráfico de menor. Os meninos manifestavam, sim, medo de voltarem às ruas. Dias depois o juiz decidiu ouvir também o pai de um menino senegalês, que havia pedido ao José Dilson para acolhê-lo no abrigo, já que afirmava não ter a mínima condição de prover para ele alimentação e educação.
Antônio Carlos Costa informa que no dia seis de março os advogados fizeram um apelo ao Tribunal de Recursos de Dakar, solicitando novamente a soltura dos missionários. A partir daquela data, o tribunal tem 30 dias para se pronunciar.
-- Ouvimos José Dilson e Zeneide na prisão. Conversamos com seus médicos, voluntários brasileiros que fazem trabalho social em Dakar. A condição de saúde do José Dilson é precária. Além das dificuldades de encarceramento, José Dilson apresenta taxa de diabete alta o suficiente para o matar aos poucos. Para não mencionar o estado psicológico. Zeneide fala de outras tantas dificuldades que tem enfrentado. Ninguém pode dizer se eles conseguirão resistir -- disse ao nosso blog Antônio Carlos Csota.
O Ministério das Relações Exteriores, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que a embaixadora do Brasil em Dakar, Maria Elisa Luna, ajudou na contratação de advogados que defendem os missionários e buscam acelerar os trâmites de legalização do projeto social, que não havia sido registrado no país, como eles supunham.

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