João Alfedo queimou graxa com segurança pra Roberto Claudio

Coordenadoria Militar provoca polêmica

Das capas de jornais, passando à roda de conversa entre amigos e chegando às Casas Legislativas do Ceará, a criação da Coordenadoria Militar da Prefeitura de Fortaleza, por meio de decreto publicado pelo Governo do Ceará na última segunda-feira, 13, continua a repercutir.
Ontem, o vereador João Alfredo (PSOL) criticou a criação da Coordenadoria que, entre outras atribuições, visa garantir a segurança do prefeito Roberto Cláudio (PSB) por policiais militares.
“Para quem tem saudade da ditadura é um prato cheio. Isso é uma militarização da Prefeitura. O prefeito está sofrendo algum tipo de ameaça? Sofreu algum atentado? Vive uma situação de iminente perigo? Fui ver o tamanho da estrutura e são cerca de 100 pessoas aqui”, criticou João Alfredo.
Para o vereador do PSOL, a medida “não se justifica em absoluto. É um desvio de função de policiais militares em um Estado onde há carência de policiais e uma desigualdade de tratamento com relação aos outros prefeitos. Não somos contra que o prefeito tenha segurança, mas o órgão criado para tanto se chama Guarda Municipal de Fortaleza. Esse tratamento, se é para proteger prefeitos, tem que se estender aos 184 prefeitos do Ceará”.
Defesa
Também da tribuna da Casa, o vereador Evaldo Lima (PCdoB) discordou do pronunciamento do vereador João Alfredo e fez algumas considerações a respeito da segurança do prefeito. Segundo o líder do governo, o serviço será efetuado por um efetivo de 12 policiais, conforme convênio firmado pela Prefeitura e Governo do Estado. “Vamos deixar claras essas informações.
Não podemos admitir o discurso fácil a partir de uma questão importante, que é o fato da Guarda Municipal não realizar a segurança do prefeito. Foi aprovado no parlamento a possibilidade de um convênio entre Policia Militar e Prefeitura, e o prefeito não possui seguranças privados. Isso não é privilegio, é prerrogativa da gestão”, defendeu Evaldo.
Por fim, Evaldo Lima ainda ressaltou que muitos investimentos em segurança estão sendo feitos pelo prefeito Roberto Cláudio, como a criação da Secretaria de Segurança e Cidadania, disposição para realizar concurso para mil guardas municipais e o fortalecimento de políticas para a educação, esporte e cultura.
Casa Militar
Sobre a Coordenaria Militar da Prefeitura de Fortaleza, a Casa Militar informou ontem, por meio de nota, que o efetivo a ser destinado à Coordenadoria será de quatro oficiais e oito praças, totalizando doze pessoas, que deverá atender as funções previstas no decreto publicado pelo Governo do Estado.
Segundo a nota, o quadro anexo, publicado no Diário Oficial, onde consta o efetivo de 100 servidores corresponde toda a demanda da Casa Militar do Governo, e que em razão da criação da referida Coordenadoria teve de ser alterado e publicado, onde o efetivo anteriormente previsto era de 88 servidores.
Mapa da Violência
A discussão em torno da criação da Coordenadoria Militar da Prefeitura de Fortaleza levanta o debate, também, a respeito das taxas de violência no Ceará. Segundo dados do Mapa da Violência – o mais conceituado estudo sobre a criminalidade no País – as taxas de crime no Estado se elevam significativamente – 41,3% no período entre os anos de 1994 e 1998 – acima do crescimento nacional, que foi de 22,3%.
No período compreendido entre 1998 e 2010, as taxas estaduais continuam a crescer num ritmo bem acima da média nacional, impulsionada, principalmente, pelo crescimento acelerado da violência na Região Metropolitana de Fortaleza, que cresce 7,8% ao ano. Esse acréscimo anual eleva a taxa do estado a 29,7 homicídios em 100 mil habitantes no ano 2010, superando a taxa nacional. Levantamento obtido por meio de dados da Secretaria Estadual da Segurança Pública e Defesa Social, observa um crescimento do número de homicídios em 58 bairros da Cidade entre os anos de 2011 e 2012.