Depois do estupro, morte. Desta vez o agressor perdeu!!!


Após ser estuprada, garota mata agressor

Após ser estuprada pelo ex-presidiário Antônio Igor Brito dos Santos, uma adolescente de 13 anos, matou o agressor, na manhã de ontem, em Fortaleza. Os crimes ocorreram em uma pousada onde a jovem morava com a mãe na Rua Rufino de Alencar, no Centro. Segundo a Polícia, o egresso, que andava armado, foi ao local em busca da ex--companheira, mãe da adolescente, e ao encontrar a vítima sozinha, teria praticado o crime.
Após um momento de distração, ele foi atingido por dois disparos efetuados pela vítima. O caso, segundo a polícia e militantes dos direitos humanos evidencia a persistência do grave cenário de violência sexual intrafamiliar na Capital.
Conforme o comandante da 1ª Companhia do 5º Batalhão, responsável pelo patrulhamento do Centro, major Jean Falcão, ao chegar ao local, por volta das 8h20min, PMs do Ronda do Quarteirão apuraram que o ex-detento, recém-saído da prisão, havia violentado a adolescente, acuando-a com uma arma de fogo em punho.
Após um descuido do agressor, ela teria disparado dois tiros, que o atingiram no abdômem e no pescoço, levando-o a óbito imediatamente. A adolescente foi encaminhada ao Instituto de Perícia Forense do Ceará para fazer o exame de corpo de delito e, em seguida, foi levada à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) para prestar depoimento.
90% DOS CASOS
“Das denúncias que recebemos referentes à violência sexual contra crianças e adolescentes, 90% dos casos têm como agressores parentes ou pessoas próximas”, contou a escrivã da Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa), Andrea Covas.

De acordo com ela, tais violências que envolvem constrangimentos, ameaças, lesões corporais e atos sexuais, são em maioria praticadas por familiares ou pessoas que adquirem confiança das vítimas, a exemplo dos vizinhos.
Em 2012, conforme a representante da Dececa, em Fortaleza, foram registrados 482 boletins de ocorrências que denunciavam estupro de vulneráveis, 39 de exploração sexual e 64 de estupro (casos ocorridos antes da Lei Federal 12015/09, que alterou o Código Penal Brasileiro, revogou o crimes de atentado violento ao pudor, fundindo-o ao de estupro e substituiu o conceito de presunção de violência pelo de estupro de vulnerável). Destes, 30 inquéritos foram instaurados sobre as ocorrências de estupro, 10 de exploração sexual e 237 de estupro de vulneráveis.
MACHISMO E NEGLIGÊNCIA
“O abuso sexual intrafamiliar, infelizmente, é um crime muito mais comum do que se pensa e é notório a preponderância do machismo que ataca mulheres e crianças concebendo-as como propriedade”, enfatizou a integrante do Fórum Cearense de Enfrentamento à Violência Sexual de Crianças e Adolescente, Lídia Rodrigues.

De acordo com ela, a realidade é ainda mais cruel, já que apesar do alto número de registros, há uma subnotificação devido a alta resistência às denúncias de crimes deste tipo.
“Mexe com a estrutura familiar e com o que está ao redor das vítimas, por isso muitas vezes há o pacto de silêncio, onde a denúncia das vítimas é associada à mentira”, completou.
Além disso, Lídia ressaltou que os crimes de estupro também são “minimizados” à medida que modos machistas de atuação, que conforme ela, ainda imperam, inclusive, nas gestões públicas e no aparato do Estado, tratam de forma diferenciada a apuração e punição destas ocorrências.
“É uma sucessão de negligência, que vai desde a existência de somente uma delegada na Dececa, à hostilidade quando uma menina vai fazer exame de corpo de delito, à insuficiência de efetivação da assistência social. É tão complicado que quem sofre a violência, para ser atendido, peregrina como se fosse culpado. Enquanto isso impera a impunidade”, enfatizou.   
THATIANY NASCIMENTO
thatynascimento@oestadoce.com.br

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