Cada dia falta mais dia no fim do nosso salário


Cesta básica tem alta de 1,34%

O conjunto dos 12 produtos que compõem a cesta básica de Fortaleza registrou inflação de 1,34%, acompanhando a tendência de elevação verificada tanto no mês anterior (7,22%), como em janeiro (2,19%), segundo informações da Pesquisa Nacional da Cesta Básica (PNCB), divulgada, ontem, pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese-CE).
A alta nos preços dos produtos fez com que um trabalhador, para adquirir os produtos, respeitadas as quantidades definidas para a composição da cesta, tivesse que desembolsar R$ 280,69, ou R$ 3,71 a mais do que no mês de fevereiro, cujo valor era de R$ 276,98.
Considerando o valor e, tomando como base o salário mínimo vigente no País (R$ 678,00) - correspondente a uma jornada mensal de trabalho de 220 horas -, o trabalhador teve que desprender 91 horas e 05 minutos de sua jornada de trabalho mensal para essa finalidade. O gasto com alimentação de uma família padrão (dois adultos e duas crianças) foi de R$ 842,07, isto é, R$ 11,13 a mais do que os R$ 830,94 do mês anterior.
VARIAÇÕES
A pesquisa mostra, também, que a alta no preço final foi influenciada pela elevação de cinco itens: feijão (11,65%), farinha (9,94%), banana (8,55%), pão (2,11%) e leite (1,62%). No período, seis itens apresentaram redução, como o tomate (-5,35%), a carne (-0,61%), óleo (0,56%), manteiga (-0,44%) e o arroz (-0,34%).

Quanto às variações semestral e anual, a Cesta Básica variou em 12,82% e 32,78%, respectivamente. Segundo o levantamento, a alimentação básica em março está mais cara do que em setembro de 2012 (R$ 248,79) e março de 2012 (R$ 211,39). No período, Fortaleza registrou a segunda maior alta entre as 18 capitais pesquisadas. O valor da cesta na Capital cearense figura como a segunda mais cara do Nordeste, perdendo apenas para Salvador (R$ 281,05) e, nacionalmente, está na 13º colocação entre as mais caras.
No semestre, dos produtos que compõem a Cesta Básica, os que sofreram maior elevação nos preços, foram a banana (33,06%), o tomate (26,01%) e o feijão (23,56%). Os produtos que sofreram redução, no período analisado, foram açúcar (-6,28%), carne (-1,34%), óleo (-1,12%) e manteiga (-0,44%). Na série de 12 meses, os que sofreram maior elevação nos preços, foram: farinha (181,08%), tomate (166,01%), banana (78,31%) e o feijão (32,38%). Sofreu redução, no período analisado, apenas o açúcar, com -3,96%, segundo a pesquisa.
ANALISTA AFIRMA QUE ESTIAGEM INFLUENCIOU
Ao fazer uma avaliação do comportamento dos preços, a economista do Dieese-CE/Sintepav, Bruna Frazão, observa que a alta dos produtos ainda está associada à estiagem pela qual o Nordeste está passando.

“No caso da mandioca e do feijão não há previsão de início do plantio, pois as chuvas estão tímidas na região”, destaca, quanto aos itens que mais aumentaram em março. Ainda quanto ao feijão, ela explica que, devido à falta do feijão de corda no mercado, o trabalhador está substituindo por outros tipos do produto que não são produzidos internamente e, com isso, incidem os custos de frete. “Além dos custos normais de logística, tem a questão de que a oferta é menor que a demanda, o que pressiona os preços para cima”, pondera.
No caso da farinha, a elevação se deu por conta de que não há produção de mandioca no Estado, devido ao período prolongado de falta de chuvas.
“A que circula aqui vem do Maranhão, Pará e Paraná. E aque está vindo do Paraná, vem muito cara, pois é mais fina, além de ter o custo do frete”, justifica a economista. Quanto à banana, “há a falta de Baturité, que é uma região não irrigada e a gente está começando a ter problemas na produção em regiões irrigadas. O que é colhido teve uma queda de dois terços na produção de Quixeré e Limoeiro do Norte”, salienta Bruna.
REDUÇÕES
Quanto às reduções, o tomate, embora registrasse queda de 5,35%, “está em um patamar muito elevado. Ele baixou porque não tinha como aumentar mais, tanto é que, se observarmos a tabela nacional, ele aumentou em quase todas as regiões e, aqui, diminuiu”, avaliou. Ao comentar acerca do impacto das desonerações sobre os itens que compõem a cesta, Bruna Frazão ressaltou que seis produtos tiveram baixa de preço e, desses, quatro são produtos desonerados pela Medida Provisória 609. “Ao conferirmos a tabela, veremos que a carne, o café, o óleo e a manteiga baixaram. O quinto produto desonerado na cesta é o açúcar, que no mês em análise, teve variação neutra”, finaliza a economista.

Embora, neste momento, a observação dos preços dos produtos desonerados mostre que a medida apresenta resultados positivos, é preciso continuar acompanhando a evolução nos próximos meses, para avaliar o efeito da desoneração. “Também é fundamental que trabalhadores e consumidores cobrem do governo uma postura diligente em relação aos produtores e aos distribuidores destes itens, como forma de garantir que a desoneração não represente apenas uma transferência de renda para os empresários”, informou o Dieese, em nota.

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