Esse cara sou eu


Líder do PSB sugere canção de novela para Ciro  

De passagem por Salvador, Ciro Gomes reiterou as ressalvas que fizera no final de semana ao projeto presidencial de Eduardo Campos. Foi até mais incisivo. Além de dizer que faltam ao presidente do PSB “estrada” e “projeto”, insinuou que o partido dá de ombros para a “decência” ao cobiçar o Planalto sem devolver a Dilma Rousseff os cargos que ocupa no governo.

Ao saber pelo repórter que Ciro voltara à carga, o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), indagou: “E ele não cantou ‘Esse Cara sou Eu?’. Referia-se à música de Roberto Carlos, tema do capitão Théo, da novela Salve Jorge. Parece considerar que, trocando-se Morena, a amada do personagem, pela Presidência da República, a paixão não-correspondida de Ciro, a canção encaixa-se à perfeição.
Espécie de porta-voz do silêncio a que se autocondenou Eduardo Campos, Beto Albuquerque desdenha dos ataques –os internos e os externos. “Nosso projeto é como massa de bolo: quanto mais bate, mais cresce.” Realçou que Ciro e seu irmão, o governador cearense Cid Gomes, não dispõem senão de dois escassos votos na Executiva Nacional do PSB.
Cid, alias, esteve com Dilma Rousseff nesta terça. Durante a conversa, testemunhada pelas ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Miriam Belchior (Planejamento), o governador aconselhou a presidente a não levar tão a sério o que dizem os líderes do PSB no Congresso.
O irmão de Ciro insinuou que o deputado Beto Albuquerque (RS) e o senador Rodrigo Rollemberg (DF) inflam o balão de Eduardo Campos porque cultivam em suas respectivas províncias projetos políticos que excluem o PT. Tolice. A dupla apenas empresta a voz para que o governador pernambucano possa falar sem o inconveniente político de mover os lábios além do necessário.
“O partido tem uma coesão muito grande em torno desse projeto”, disse Beto ao blog. “Não é uma ou outra deserção que vai nos desviar do nosso direito de exercer o protagonismo político.” A oposição dos irmãos Gomes nem é a principal preocupação do PSB, disse o líder da legenda.
“O que mais nos deixa indignados são as evidentes tentativas de interferência externa no nosso processo decisório.” Como assim? “Refiro-me às interferências do PT, do Lula. Parecem trabalhar diariamente para isolar o PSB. Isso é um tiro no pé, porque só estão fortalecendo cada vez mais a nossa convicção. Se acham que vão nos intimidar, nos dividir atirando intrigas para dentro, estão enganados.”
O deputado declarou que, do modo como Lula e o PT conduzem a carruagem de 2014, o PSB pode até “acelerar as decisões internas, nunca postergar.” Lamenta: “A agenda do país foi substituída por um debate de poder. O governo só fala em poder. Nós estamos querendo fazer uma agenda. Mas se ela não vai acontecer, também podemos adotar a agenda eleitoral. Só que isso não interessa ao país.”
Por quê? “É como a gente tem dito: 2011 foi pior do que 2010 e 2012 foi pior do que 2011. Aliás, 2012 nem sequer acabou. Até hoje não foi votado o Orçamento da União. A economia não cresce. E a agenda que importa –Fundo de Participação dos Estados e dos municípios, redução dos juros das dívidas estaduais, disso ninguém fala. É uma pena.”

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