Santa Casa de Fortaleza espera o luxo que o lixo escondeu


Após quatro meses, Jardins ainda não saíram do papel

FOTO: TIAGO STILLE / O ESTADO
Anatália Batista
Da Redação

“Resgatar a qualidade ambiental e devolver à área a contemplação dos prédios por quem frequenta o Centro de Fortaleza ou passa pela Avenida Castelo Branco”, eis a declaração do secretário de Turismo do Ceará, Bismark Maia, em setembro do ano passado, ao iniciar as modificações nos cerca de 10 mil m² dos dois terrenos, situados ao lado do Centro de Turismo (Emcetur) e da Santa Casa de Misericórdia. Passados quatro meses do início da operação, a proposta de transformar os espaços em jardins com paisagismo não saiu do papel e os locais seguem acumulando sujeira.
No dia 4 de setembro de 2012, quando as ruínas dos muros, que cercavam os terrenos, (utilizados como depósitos de lixo e também por usuários de drogas) foram derrubadas, Bismark Maia estipulou que o prazo de conclusão do serviço seria de dois meses. No mesmo dia da derrubada, lixos e entulhos foram recolhidos pelas máquinas e homens que faziam a limpeza. Na ocasião, o secretário informou ainda que o custo da desapropriação dos terrenos seria de R$ 5 milhões e a arborização seria toda doada.
Era a esperança que o local, alvo de temor por quem precisa passar por lá, ganharia um novo aspecto. Mas, até agora não houve, alteração significativas na área, e não há sinais de arborização alguma. Além da estruturação dos jardins, Bismark também anunciou que a licitação para construção da Escola de Turismo do Estado, a ser estruturada no prédio do Panorama Artesanal, localizado na Avenida Presidente Castelo Branco (Leste-Oeste), estava em andamento. Até agora, o prédio adquirido em 2008 pelo Governo do Estado, ainda espera pela reforma. 
FALTA SEGURANÇA
De acordo com os lojistas da Emcetur, a derrubada das muralhas fez diminuírem os assaltos, mas, falta policiamento. É o que diz o vice-presidente da Associação dos Lojistas da Emcetur, Luiz Carlos Bezerra, que afirma estar à espera dos jardins e acredita que os mesmos vão “embelezar” os arredores dos dois prédios históricos. Porém, Luiz adverte que além de tirar os projetos do papel, o Governo deve garantir o reforço no policiamento da área.

Segundo ele, são os próprios vendedores que ligam para o 5º Comando de Policiamento da Capital para que façam a vigia da rua, e afirmou que apenas dois policiais são disponibilizados são os mesmos fazem a ronda na Praça da Estação, por isso não permanecem mais de 10 minutos na esquina da Emcetur.
O vendedor de picolé, Vicente Rodrigues, que todos os dias transita em frente aos dois terrenos, lamentou: “até agora nada de jardim nem construção do Hotel Escola, que disseram que iam construir neste edifício abandonado ao lado, muito menos melhoria na segurança”.

ESTACIONAMENTO
Luiz Carlos e Vicente Rodrigues também destacaram a necessidade de se criar um estacionamento exclusivo para ônibus de Agências de Turismo na parte superior dos terrenos. Atualmente, na Rua Senador Jaguaribe (localizada em frente aos espaços) não há placas permitindo ônibus de Agências, somente micro-ônibus de aluguel. “O que acontece é que perdemos muitos turistas nisso. Dia de domingo fica muito ônibus parado aqui na rua e é proibido”, disse Luiz.

Vicente reforçou o argumento e contou que, diariamente, muitos ônibus de turismo não param na Emcetur por falta de local para estacionar. Foi o caso das irmãs Sônia e Sandra Alves, que visitavam Fortaleza pela primeira vez. Oriundas de São Paulo, elas explicaram que na primeira oportunidade não deu tempo conhecer o Centro de Turismo por inteiro, “tivemos que ver tudo rapidamente porque nosso ônibus só podia ficar estacionado por 20 minutos, não deu tempo para fazermos nossas comprinhas. Hoje, viemos por conta própria porque gostamos muito do lugar”, ressaltou Sônia.
AUSÊNCIA DE RESPOSTA
No decorrer da semana passada, a equipe do Jornal O Estado entrou em contato, por diversas vezes, com a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Turismo, para tratar da questão. Inicialmente, a Assessoria informou que o secretário estava em reunião e não poderia responder. As questões foram então enviadas por email, mas até o prazo estipulado nada foi respondido. Novas ligações foram feitas, e desta vez foi informado que a assessora estava em reunião. Após isso, o telefone do setor permaneceu ocupado e não obtivemos êxito no contato.

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