Opinião

Comunicação eficiente - II
J. Ciro Saraiva - Jornalista
Uma Assessoria de Comunicação Social precisa, antes de mais nada, respeitar o estilo de comunicação do seu assessorado.
Não se pode querer que um prefeito, por exemplo,  eleito “nos braços do povo”, seja agora obrigado, depois de empossado, a mudar de comportamento, permanecendo mais tempo em seu gabinete do que nas ruas. Isso seria negar ao administrador o direito que ele tem de se informar junto aos próprios cidadãos, o que  pensam e o que desejam de seu governo. A esse respeito, cumpre lembrar – como observa Tão Gomes Pinto, ex-assessor de imprensa do Governo de São Paulo – que “o político é um comunicador instintivo e impulsivo”.
Tive, a esse respeito, uma experiência extraordinária, quando trabalhei com o governador Manoel de Castro (1981-1982) e ele repetia, diariamente, seus bordões admiráveis, como aquele em que fazia questão de dizer que “depois que a onça morre, todo mundo quer meter o dedo no seu fio-fó”... Outra coisa que preciso dizer, não com ar professoral, mas apenas como conselho aos novos: é preciso trabalhar com gente  que tem experiência, gente que sabe onde estão as coisas; nada de improvisação, porque a improvisação é a erva daninha que compromete qualquer trabalho.
Um dia desses, alguém me disse que havia sido convidado para ser assessor de determinado prefeito do interior. Perguntei-lhe para avaliar seu conhecimento: - E você sabe o que é uma assessoria de imprensa? Ele ficou encabulado e respondeu que não sabia,  mas que ia aprender... Como aprender como se já ia assumir o cargo ? Assim não dá... Agora, outra coisa, que faço questão de registrar: Juraci Magalhães foi um grande prefeito de Fortaleza, não há dúvidas. Mas o que restou de sua imagem é que era um “prefeito cachaceiro”, alguém que, com um copo na mão, administrava Fortaleza, das mesas dos bares.
E entretanto, isso é apenas uma meia verdade, porque o velho Jura foi sempre um homem  de bem,  apesar de gostar – e como gostava ! - de tomar “umas e outras...”
O que se depreende dessa série de observações, é que ninguém deve assumir assessoria pública de Comunicação, sem ter um plano de trabalho. Esse plano de trabalho não  é rigorosamente um calhamaço de papel, algo que encha a vista. Nada disso. O que se toma por “plano de trabalho” são apenas diretrizes que deverão ser cumpridas durante toda gestão buscando assim, uma eficiente comunicação entre aqueles que administram e os que são administrados.
Poderia acrescentar, ainda que, de um Plano de Comunicação, deve constar um Dispositivo de Imprensa complementar, um sistema alternativo de informação. Sem esse Dispositivo, é impossível se chegar a bom termo na Comunicação de qualquer órgão público. Dou como exemplo o Dispositivo armado por mim e por Pedro Gurjão, ao tempo em que era prefeito de Fortaleza,  o mesmo Juraci Magalhães. Muitas vezes, Juraci se surpreendeu com os resultados obtidos, chegando a 82 por centro de aprovação pelo Ibope.

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