Opini'ao - 3o e ultimo texto

Comunicação eficiente - III
J. Ciro Saraiva - Jornalista

Nenhum governo, no Ceará, foi mais criticado pelo povo e mais castigado pela oposição do que o do governador Raul Barbosa (1951-1955). Ganhou até do Faustino de Albuquerque (1947-1951).
Houve quem dissesse que Raul não chegaria ao fim de seu mandato, porque não dispunha da maioria dos deputados para apóia-lo, na Assembleia.
Qual foi o grande erro de Raul ? Poucos sabem e muitos gostariam de saber. Pois eu lhes digo que foi a falta de uma imagem. Raul achava que, por ter um sorriso bonito, era capaz de satisfazer a todos. Errou redondamente: nunca se viu tanta desmoralização de um governo, na Assembleia e na imprensa. Até um jornal, a “Folha do Povo”, um semanário destemido,  foi criada por Péricles Moreira da Rocha,  para desmontar seu governo. Era uma crítica acerba, desumana, rigorosamente desonesta.
E o que fez Raul, para se defender ? Nada,  ficou calado. Permaneceu calado durante os quatros anos de seu governo e isso foi o suficiente para evitar que continuasse na política; candidato a senador, em 1958, foi derrotado fragorosamente. Hoje se sabe que o que faltou a Raul para ser eleito senador,  foi a imagem. Não tinha imagem e nunca deu importância a isso... Muitas vezes, Walter Sá Cavalcante, líder do governo, quis promover sua defesa e Raul dizia “deixa isso pra lá”, pensando erroneamente que o silêncio era a melhor resposta... Quem tiver vocação para a política, quem se despuser a fazer uma carreira de prefeito, deputado, governador ou senador, precisa pensar em assessoria de comunicação. Que é o órgão suficiente e necessário para fazer qualquer imagem, pessoal ou do governo.
Não há porque negar: rádios, jornais e televisões são sistemas válidos e de eficiência jamais desmentida para fazer crescer uma carreira política. Saber usa-los é tarefa de profissionais e não de amadores, como já foi dito anteriormente.  O que não  é correto é um político esperar que só com seu sorriso,- como aconteceu com Raul Barbosa, -  possa ele chegar lá em cima. Isso é simplesmente uma burrice, vale a pensa acrescentar.
Com essas ligeiras observações, encerro o que penso de uma assessoria de comunicação eficiente, capaz de alavancar uma administração nascente, cercada de grandes esperanças.
Teria muitas coisas a acrescentar, como a necessidade de fazer pequenos jornais para atingir comunidades específicas, além de estimular os meios de comunicação a fazer enquetes e pesquisas sobre os problemas coletivos. Mas isso, - esse detalhamento -  certamente, já faz parte de um   “plano” propriamente dito, o que não é o  intuito deste articulista. 
Queira Deus que essas poucas  e alinhavadas ideias sejam capazes de ajudar os companheiros envolvidos em projetos de comunicação. Dar-me-ei por satisfeito se isso acontecer. O que não pode ocorrer é ficar a Comunicação nas mãos de pessoas que querem apenas ganhar dinheiro e notoriedade, em detrimento da administração, a grande responsável pelo atendimento das reivindicações públicas.

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