Opinião

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TRÊS SOMBRAS DO PASSADO ou A FADIGA DOS METAIS

Por Carlos Chagas

 Vai mal a imagem dos três principais partidos nacionais. Na campanha para as eleições municipais de outubro, arriscam-se a receber cartão vermelho do eleitorado, com as exceções de sempre.  O PT sofre em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Salvador e outras capitais, ainda que lute com denodo para virar o jogo. O PSDB arrisca-se a perder em cidades onde  parecia absoluto sem conseguir recuperar a situação naquelas em que  já vinha sendo  derrotado. O PMDB não  empolga, carente de renovação  há algumas eleições e acomodado ao papel de acólito de outras legendas.
                                                        Significa o quê,  esse desgaste? Pelo jeito, fadiga dos  metais, aquela situação em aeronáutica  quando um avião  cai depois de voar muitos anos, sem que tenha havido erro do piloto, tempestade inusitada ou falta de gasolina. Simplesmente, os metais recusam-se a cumprir suas finalidades.
                                                        É bom lembrar que em momentos distintos, esses três partidos já exprimiram esperança e  renovação. O PMDB foi o principal aríete que derrubou a ditadura militar. O PSDB exprimiu sangue novo retirado de um  corpo já desgastado. E o PT foi, sem a menor dúvida, a coisa nova erigida em oposição à ortodoxia partidária.
                                                        Ainda vai aparecer um sociólogo capaz de diagnosticar o poder como o denominador comum que  explica a tríplice débâcle. Houve tempo em que o partido do dr. Ulysses era absoluto nos planos nacional, estadual e municipal. O governo Sarney encarregou-se de esgarçá-lo, sem que se debite ao ex-presidente o ônus da queda. Foram os correligionários os responsáveis por auferir as vantagens do poder sem dedicar-se à implantação de mudanças efetivas no país.
                                                        Vieram os tucanos, com Fernando Henrique,  caindo  no mesmo alçapão. Mudaram a Constituição por entender que um só mandato não bastaria para solidificar sua ideologia, mas preferiram valer-se de benesses de toda ordem em vez de produzir resultados. Quebraram a cara, assistindo os companheiros ascenderem com críticas e programas diversos, mas faltou coragem ao PT para empreender, com o Lula, as reformas em torno das quais o partido se  criou. Também com avidez, dedicaram-se e ainda se dedicam os petistas  a gozar o poder sem lembrar-se mais da reformulação das estruturas.
                                                        A tudo a sociedade assistiu e tem assistido armada da única  rejeição a ela permitida, o voto.  O resultado aí está: mesmo sem terem desaparecido, PT, PSDB e PMDB são sombras do que foram no passado.  Trata-se de um enigma dentro de um mistério saber que estrutura partidária poderá substituí-los. Mas que vai aparecer, não se duvida.

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